Lua de Sangue - Novel - Capítulo 4 - O Assassino Desconhecido
— É uma armadilha.
Laud, o Segundo Príncipe do Reino Kemened olhou para a pessoa que disse essa frase. Ele não sabia o nome dessa pessoa, mas realmente não importava. Ele era simplesmente chamado de ‘ Guia ‘ e é um assassino que trabalha para a família real Kemened desde a geração de seu pai.
Príncipe Laud perguntou com uma carranca.
— E?
— Leshak Caliph não compra prostitutas. Ele nunca visitou bordéis antes. É óbvio, o Conde Custer foi para os bordéis e assim que o fez, morreu. E agora o Príncipe está de repente visitando os bordéis?
Laud pousou a taça de vinho.
— Mas, você está dizendo que Leshak Caliph saiu como isca, certo?
— Sim, mas…
— Então prossiga.
— …
O Guia calou a boca. Ele era um assassino experiente. Havia inúmeros inimigos de Kemened que foram expurgados por sua organização. Com a eclosão da Guerra dos Sete Anos, até mesmo um recurso importante como o ‘ Basilisco ‘ poderia ser obtido.
Foi Radan quem matou o alvo, mas foi o Guia quem conduziu Radan até o inimigo. O fato de Radan ter conseguido manter sua identidade em segredo enquanto realizava tantos assassinatos tinha muito mais a ver com o Guia do que qualquer outra coisa.
Ele estava convencido de que era uma armadilha. As palavras de Laud estavam dando a ele algo em que pensar.
— Não está preocupado com o retorno da ‘
Cobra azul ‘?
A Cobra Azul foi usada para se referir a Radan. A família real de Kemened estava extremamente relutante em mencionar o nome de Radan. Mesmo agora, a maioria das pessoas acredita que o Terceiro Príncipe morreu quando nasceu.
— A morte de Leshak Caliph é mais importante do que a Cobra Azul.
Laud cerrou os dentes. Não ficou claro para onde a raiva foi direcionada. Talvez seja para Alsanu III, que agora tem demência depois de ter começado uma guerra sem fim? Ou talvez tenha sido direcionado ao Príncipe Herdeiro do Império, que vem pisoteando o Reino de Kemened há sete anos? Ou ele está pensando no irmão mais novo que matou a própria mãe com seus olhos amaldiçoados?
— Mas se falhar, você pode perder a Cobra Azul. Ele é a pessoa mais essencial para a guerra agora…
Laud jogou a taça no Guia.
— Cale-se! Não pense que eu estou ciente disso!?
A taça de prata foi esmagada, mas não quebrou. O Guia foi atingido na testa pelo vidro, mas não saiu sangue. Em vez disso, suas roupas estavam encharcadas de vinho tinto. O Guia silenciosamente enxugou a testa.
— … perdoe-me, Meu Senhor.
— Caramba!
Laud chutou a mesa. O luxuoso, mas precário frontão triangular caiu e a jarra de vinho colocada sobre ele quebrou.
— Você ouviu o que eu disse? Existe algo mais importante do que matar Leshak nesta situação?
— Claro que não.
— Então faça! Faça isso!! Sou eu quem fala em nome do Rei!
— … …
O Príncipe Laud ainda não era rei. O dia em que ele for ser coroado rei com segurança provavelmente estará muito longe. Ele não sabia que a guerra atual terminaria se matasse o Príncipe Leshak. Por entanto, ele pode apostar que assim que a guerra com o Império terminar, os cinco pequenos países começarão a guerra novamente pelo que resta. O Guia não se atreveu a dizer tal coisa. Não cabia a ele aconselhá-lo. Ele era apenas ‘Um Guia‘, um subordinado da família real de Kemened, e apenas matava as pessoas como eles mandavam.
— Bem, o retorno da Cobra Azul não é uma condição absoluta?
Laud, que estava lutando para respirar por um tempo, respondeu.
— Você faz o seu melhor. Porém, se a situação não for favorável, não vou culpá-lo por isso. Agora saia.
— Obrigado, Alteza.
O Guia usava uma máscara preta sobre o rosto. E ele se tornou como uma sombra e desapareceu.
Absolutamente ninguém indo e voltando do palácio notou sua entrada, exceto por um homem, Radan.
***
— Já é o terceiro dia.
Abadd falou.
— Aposto minhas manoplas* que o assassino sabe que é uma armadilha e não vem.
(N/T: Luva de ferro que protege a mão, o punho e parte do antebraço, de cavalheiros)
Abadd deu um tapinha no lado de Karum.
— O que você vai apostar?
— Hum, eu… .
Sidris bufou e intervir nos problemas de Karum.
— Cale-se. Não se envolva nisso, eles não vão aparecer de qualquer maneira.
— Hum?
Karum pensou por um momento e balançou a cabeça.
— Não, não pode ser. Se eles não vão aparecer, então por que estamos aqui? E, acima de tudo, o Príncipe Herdeiro não estaria aqui para prostitutas.
— Sua Alteza não esperaria que o assassino desconhecido aparecesse. Você é inteligente demais para acreditar nisso.
— Então por quê… ?
Era o terceiro dia depois de se infiltrar no bairro do bordel de Merv. Por três dias, Leshak atuou como isca e assumiu o papel de um Príncipe pródigo. Na verdade, até mesmo os Cavaleiros Guardiões de Leshek duvidaram por um momento se o objetivo era capturar o Assassino Desconhecido ou satisfazer seus desejos acumulados.
— Ele quer saber como as coisas funcionam aqui, como as informações vazadas daqui são passadas para o assassino desconhecido. É impossível cobrir os ouvidos quando o inimigo grita tão alto.
Abadd silenciosamente estalou a língua e balançou a cabeça.
— Você é muito generoso com Sua Alteza. Pode ser da natureza dele querer brincar assim.
— Sua Alteza!?
A zombaria de Sidris cortou as palavras de Abadd.
— Pare de falar besteira. Sua Alteza nunca abraçaria uma prostituta. Isso nunca vai acontecer.
Abadd fez beicinho como uma criança. Embora também fosse um homem bonito, ele tinha um sentimento de inferioridade ao lado de Leshak. A expressão mal-humorada em seu rosto não combinava com ele.
— Não, isso é… bem, sim, eu também acho. Mas não é demais para dizer que somos cafetões? Estou cansado de ver bêbados no cio nos últimos três dias.
Abadd murmurou. A reação de Sidris foi fria.
— Se você não gosta de bancar o cafetão, você pode ser uma prostituta.
— BAM. Porra, você deveria calar a boca.
Os Cavaleiros Guardiões estavam disfarçados de cafetões e mensageiros dos cafetões, respectivamente. Eles vagaram por todos os cantos das Ruas Vermelhas (Luz) observando o movimento de dinheiro e pessoas. Isso só foi possível porque Leshak comprou um bordel nas ruas de Merv.
Enquanto os Cavaleiros Guardiões vasculharam o submundo das Ruas Vermelhas e fingiam ser os verdadeiros cafetões que administram um bordel de verdade, Leshak chamava a atenção das pessoas por servir como um ‘ convidado de alto nível ‘.
Então alguém bateu na janela do bordel. Ele era um menino de recados nativo que sempre trabalhou no bordel. Seu papel era ficar na entrada da Rua Vermelha e pegar novos convidados quando eles entrassem em Merv e guiá-los até o bordel.
— Olá, novo mestre.
Abadd abriu uma pequena janela.
— Olá.
— Ora, há clientes ricos indo e vindo aqui hoje em dia?
Estava falando sobre o Príncipe Leshak.
— Ele acabou de entrar na casa do outro lado da rua. Porra, corri todo o caminho até aqui para trazê-lo para o nosso lugar. Eu me sinto horrível.
Este mensageiro não sabia que o Príncipe Leshak foi quem comprou o bordel onde trabalhava. Abadd respondeu com um breve sorriso.
— Tudo bem. Você terá uma chance na próxima vez. Então, você sabe o que fazer agora?
— Claro, você está me pedindo para ir ver quais prostitutas eles trazem para ele?
— Sim, está certo.
O garoto de recados balançou a cabeça.
— Mas por que… a julgar pelo que vi até agora, ele não tem nenhum gosto particular. Se fosse comprar qualquer mulher, ele deveria vir até a nossa casa.
Abadd estendeu a mão pela janela projetada e bateu na cabeça do mensageiro.
— Por isso que estou pedindo para você fazer. Vá e olhe para o rosto da prostituta.
— Ei, esta é a primeira vez que vejo novos Mestres fazerem esse tipo de trabalho de base. Dessa forma, fazer as coisas não acontecerem realmente aqui… de qualquer forma, vou lá.
— Ok.
A janela projetada se fechou e o mensageiro correu pelo beco como um esquilo voador.
— Estou feliz por termos aquele garoto. O monitoramento ficou mais fácil.
O mensageiro, nascido e criado neste beco, disse que conhecia até certo ponto os rostos das prostitutas de outros bordéis.
Era tarefa do mensageiro verificar os rostos das prostitutas que entravam no quarto de Leshak.
Se ele era uma prostituta de rosto desconhecido, então havia espaço para dúvidas.
— Você está se certificando de que Sua Alteza está lucrando com a compra de um bordel. Quanto dinheiro ele ganhou?
— Não me pergunte isso. Quem faz todos os cálculos do dinheiro é o Sidris, né?
— Ahá . É por isso que você está tão triste ultimamente.
— É isso? Ele tem investido dinheiro no campo de batalha por sete anos.
— E Sua Alteza não conhece o conceito de economizar.
— Como ele é perfeito em tudo, acho que ele pode ser defeituoso dessa forma.
— Você pode dizer essas palavras para Sidris?
— … me dá um tempo. Não quero ser odiado por Sidris. Com aquela personalidade, ele seria rápido em me cortar da minha parte da recompensa.
— Você! Se você vai fazer piada sobre Sua Alteza, então vá embora.
Abadd e Karum calaram a boca. Se havia alguém por quem eles não deveriam ser odiados mais do que Sua Alteza, era pelo Sidris.
— Você está ciente do fato de que Sua Alteza está agindo como isca agora?
— Huh…
Foi um momento, enquanto Abadd e Karum olhavam para a janela com expressões preocupadas.
BANG! BANG!
Houve uma batida forte na janela projetada.
Naquele momento, como Abadd imediatamente abriu a partição.
— Ah, oi! Você chegou?
O rosto do mensageiro visto pela janela ficou branco.
— Eu, eu acho que há um grande problema!
— O que aconteceu?
— Bem, aquilo… ouvi dizer que a irmã Yeni estaria no quarto de hóspedes, mas… .
— Mas o quê?
— Yeni estava animada… ela me pediu para pegar emprestado um elástico de cabelo de Lena… ela disse que queria ser a mais bonita, então… então…
Abadd puxou as roupas do mensageiro pela janela.
— Vai direto ao ponto, o que aconteceu?
O garoto de recados disse com a voz trêmula.
— Sim, a irmã Yeni está morta.
— O quê?
— Para amarrar a trança….. então eu voltei, eu fui… não, a irmã está morta…… .
— Porra!
BANG!
A porta do bordel se abriu e os Cavaleiros Guardiões, incluindo Abadd, correram em direção ao Príncipe Leshak. A razão pela qual a prostituta chamada Yeni morreu era óbvia, o assassino agora está disfarçado como a prostituta morta.
***
— Droga! Eles vieram cedo demais!
O Guia agarrou o braço de Radan e o arrastou. Foi ele quem matou a prostituta chamada Yeni. Tudo o que ele precisava fazer era empurrar Radan, agora vestido de mulher, para o quarto de Leshak e seu papel estaria acabado. No entanto, os cavaleiros de Leshek foram mais rápidos.
O Guia agora pensou que eles poderiam ter comprado o bordel inteiro, caso contrário, dezenas das forças de Leshak não teriam sido capazes de bloquear as estradas tão rapidamente. Ele devia estar escondido em um bordel. O suor escorria de sua testa. Era a primeira vez que ele se perdia naquele beco labiríntico.
Gritos podiam ser ouvidos por toda parte.
— Aquele caminho é um beco sem saída!
— Eles foram por ali!
— Eles não podem ter ido longe demais!
— Encontrá-os!
Gritos foram ouvidos quando o Guia rapidamente balançou a cabeça.
— Eu tenho que sair daqui.
Ele soltou a mão que estava segurando e empurrou as costas de Radan. Radan se atrapalhou no ar, desorientado.
— Eu, eu… não sei, não sei o caminho….. .
— É mais perigoso se nós dois formos juntos.
A prostituta que ele matou deve ter sido encontrada, o exército de Leshak estará procurando por um assassino disfarçado de prostituta. Nesse caso, seria mais seguro ir separado para que ele pudesse entrar no bordel e fingir ser um convidado, foi lamentável, mas Radan teve que ser abandonado.
Mas se tiver sorte, haverá um lugar seguro para Radan também, poucas pessoas suspeitaram de um cego como assassino.
— Vamos lá! Se você sair daqui com segurança, eu vou te encontrar.
O Guia abandonou Radan e fugiu apressadamente, assim que ele dobrou a esquina…
A lâmina veio na sua frente, o Guia levantou as duas mãos sem dizer nada, a estrada já estava bloqueada. Abadd, que estava na frente, sorriu enquanto enfiava a lâmina no pescoço do Guia.
— Uau, onde você está indo?
— … … !
— Eu corri como um cachorro por sua causa. Graças a você, estou sem fôlego.
Sidris disse por trás de suas costas.
— Fiquem atentos! O inimigo é o Assassino Desconhecido.
— Pare de se preocupar, porque não há fraqueza em minha postura.
Ao contrário de seu semblante habitual, não havia nem um pouco de brincadeira em sua espada. Não havia sequer uma lacuna.
Não haveria como escapar.
Depois de entender a situação, o Guia mudou deliberadamente seu personagem e abriu a boca.
A única maneira que restava era esconder sua identidade.
— Há um assassino? O que você quer dizer… essa é uma acusação injusta.
O Guia tremeu habilmente.
— Não tenho intenção de ouvir qualquer bobagem que você tenha a dizer. Ei, amarre esse cara. Sua confissão será obtida perante Sua Alteza, o Príncipe Herdeiro.
— Sim, senhor Abadd.
Os soldados vieram e amarraram o Guia.
— Ei, por que você está fazendo isso!? O que eu fiz errado!? Uhhhh… !
O Guia fingiu não saber de nada enquanto se agitava.
— Ra-Radan!? Está aí!? Venha e mate-os! O que está fazendo enquanto estou sendo tratado assim!?
Os olhos de Abadd e Leshak se voltaram para Radan, que estava atrás deles.
Radan estava apavorado e agarrado à parede.
Ele ouviu tudo enquanto tentava desesperadamente descobrir o que estava acontecendo.
O Guia foi pego. Ele provavelmente foi pego pelos homens de Leshak. De alguma forma, uma voz familiar foi misturada.
— Radan! Como você pode ser tão ingrato? Como pode trair alguém com quem está tão em dívida?! Eu só levei você para ganhar dinheiro porque não enxerga! Você não sabe como seria toda a sua casa se não fosse por mim? Com seu pai doente e seus irmãos puderam comer!?
— Ah…
Radan tateou a parede e avançou pouco a pouco.
Ele sabia que não havia escapatória, tinha que confiar no Guia, que vai de alguma forma abrir o caminho.
— Huh…? Fique parado… você não está…?
Abadd viu os movimentos de Radan e se lembrou dele. Hoje, estava vestido como uma mulher e tinha um pano vermelho sobre a cabeça, o que significava que ele era prostituta, então ele não o reconheceu quando o viu pela primeira vez.
— Você não é aquela prostituta daquele dia?
— Ah… então… .
Radan ficou parado sem saber o que dizer.
Ele também se lembrou da voz de Abadd.
Era o Cavaleiro Guardião que estava com Leshak. Isso significa… .
— Aquela prostituta está aqui.
Eles viraram a cabeça ao ouvir a voz de Leshek vindo de trás de Radan.
— O Príncipe Herdeiro.
Leshak apareceu ao mesmo tempo.
— Ahh!
A mão de Leshak se estendeu e envolveu a nuca de Radan e o girou.
Radan soltou um grito baixinho ao bater com a testa no peito de Leshak.
Leshak, que segurava Radan com força para que ele não pudesse escapar, removeu o pano vermelho que cobria sua cabeça.
— Ah, ah… .
Seus ombros começaram a tremer sozinhos.
Leshak olhou para o rosto de Radan, que agora estava maquiado para parecer uma mulher. Leshak pegou o polegar e esfregou os lábios, enquanto o ruge vermelho era removido, o rosto de Radan voltou à mesma aparência de quando se conheceram.
Leshak soltou uma voz baixa e pesada em direção ao seu rosto.
— Então pode me dizer agora, quem você é?
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LILITH TRADUZ (@lilithtraduz)