Lua de Sangue - Novel - Capítulo 14 - Doce Como Sonho
— Sir Mjab.
Ainda era um nome desconhecido. Radan só percebeu mais tarde que a palavra se referia a ele.
— …Hm? Eu?
— Trouxe sua comida.
— Ah…
A expressão de Radan escureceu. Parecia que ele e Leshak não iriam comer juntos novamente hoje.
Radan também sabia que a atmosfera no acampamento militar de Leshak havia mudado nos últimos dias. O som de passos vindos de fora aumentava e sempre havia gente se movimentando à noite. A atmosfera era nítida.
Leshak frequentemente desocupava o quartel, mas seria muito irracional fugir nessa situação.
Eles também não se viram ontem.
Mas Radan estava constantemente dando desculpas para si mesmo.
‘Vou apenas vê-lo mais uma vez.’
‘Depois irei fugir e ele nunca mais vai me ver.’
— O-obrigado…
Karum colocou a comida na mesa.
— Então coma antes que esfrie.
— S-sim…
Radan, que estava sentado torto na cadeira onde Leshak dormia, se atrapalhou ao tentar se levantar.
— …
Karum, que estava assistindo há um momento, disse.
— Não, fique aí.
— …huh?
Karum levantou a mesa inteira e a colocou na frente de Radan.
— Sente-se novamente. Estenda a mão para encontrar. Do lado direito está o garfo e uma xícara.
Radan percebeu o que Karum fez por ele. Um rubor passou por suas bochechas.
— Obrigado… .
— De nada.
Bater –
Radan se atrapalhou na mesa para pegar a xícara. No entanto, assim que tocou a taça, Radan estremeceu de surpresa. Karum se moveu rapidamente e agarrou a xícara antes que ela caísse.
— Meu Deus. Tome cuidado. Está quente.
— Ah… eu não sabia… estava quente.
— Ah.
Karum suspirou internamente.
Ele bebia apenas leite e água, então ele não parecia saber que poderia estar quente. O que ele trouxe com a refeição agora foi chá feito com mel, que o médico havia prescrito para sua garganta.
— Eu deveria ter te avisado com antecedência… desculpe.
Karum pegou a xícara e envolveu-a nas palmas das mãos grossas. Depois de esfriar até certo ponto, ele entregou a Radan.
— Acho que você pode beber agora.
— Ah… obrigado…
Houve um rubor novamente na linha branca e suave que conectava sua orelha e pescoço.
Karum engoliu involuntariamente.
‘Ele é muito bonito.’
Ele nem parecia uma mulher. Foi tão estranho para Karum.
Radan tomou um gole de chá e se virou para encontrar Karum.
— Está doce!
— …o quê? Ah sim. É porque adicionei mel.
— Não, eu não posso beber… isto.
— O médico me disse para dar este remédio.
— É remédio?
— Sim. Você pode beber, é remédio.
Após um momento de conflito, Radan finalmente bebeu o chá com mel após ser informado de que era um remédio.
— É, muito doce.
Estas foram as palavras de Radan, que bebeu chá sem parar.
— Talvez seja porque você bebeu tudo de uma vez.
Radan ainda estava segurando a xícara.
— Mesmo assim é muito doce.
— Bem, se você beber devagar, não será tão doce …
— É doce. Doce, tem um gosto bom.
— …
As sobrancelhas de Karum franziram.
‘O que foi isso?’
Então ele percebeu…
‘….ah.’
‘Acho que ele não comeu muitos doces. Viveu apenas com leite e carne de cobra!?’
— Você gosta de doce?
Radan pensou por um momento e depois assentiu.
— Sim.
— Então posso trazer alguns doces para você depois do jantar?
— Uh…?
O rosto de Radan ficou vermelho.
— Sério…?
Os olhos de Karum tremeram.
‘Não, isso é… sim, é muito estranho.’
‘Mesmo sendo pequeno, ele é um homem que já passou da maioridade. Os pelos do queixo e do pau não deveriam ter aparecido, ele não deveria estar totalmente crescido aos 19 anos?’
‘Está tudo bem em fazer tal expressão apenas falando sobre doces? O que fazer com isso?’
Ele se sentia terrivelmente inquieto. Por alguma razão, ele sentiu pena de Leshak.
‘Por que estou aqui, realmente?’
— Ok, então termine sua refeição.
— Sim.
Radan encontrou o garfo e o agarrou. Graças a Leshak servindo suas refeições por vários dias, ele ainda não era bom em usar garfo. Ele acidentalmente sacudiu o prato e o molho espirrou em seu queixo.
— Ah não.
Karum pegou o garfo de Radan.
— Eu vou fazer isso. Ficar parado.
Ele não queria insultar Leshak. Havia algo em Radan que colocava uma pessoa em uma posição precária. Quando olhou para Radan, ele se sentiu nervoso e ansioso, sentiu que precisava fazer algo a respeito.
Karum cortou a carne em pedaços pequenos e mergulhou com o garfo, assim como Leshak fez. Radan pegou a comida e mastigou sem dizer uma palavra. Enquanto o observava lamber constantemente os lábios vermelhos, algo em sua cabeça parecia estranho.
‘Ah, não. Isso é como deslealdade. Vamos se acalmar’, pensou Karum.
— Este é o último.
Radan assentiu e engoliu também.
— Limpe seu queixo com isso.
Radan pegou o guardanapo que Karum deu e esfregou os lábios. O movimento de seus dedos brancos e ressecados, que substituíram sua visão, parecia diferente dos das outras pessoas. Foi cuidadoso e delicado, foi triste e lamentável. Era ignorante e puro.
— Uhhhh…
Karum fez um som grave sem perceber.
Ele sentiu como se tivesse caído em algum tipo de ilusão ao vê-lo limpar o queixo com o guardanapo. A audição de Radan se animou.
— Qual é o problema?
— …não é nada. Se você terminou de comer, vou limpar a mesa, e espere um momento, vou perguntar ao chef se tem doce.
— Ok.
Suas bochechas estavam sempre vermelhas.
— Você é muito…
Essas palavras distraíram Karum, que estava arrumando os pratos e os guardanapos.
— Que?
— …b-bom… homem.
— Quem… o que quer dizer?
— Você.
Algo fez seu coração palpitar e ressoar.
Karum, a quem Abadd chama de filhote de urso*, nunca foi informado de que ele era uma boa pessoa, talvez por causa de sua aparência feia. Não existia um desejo sincero de se tornar uma boa pessoa, mas foi muito comovente ouvir que ele era uma boa pessoa para os outros.
(NT: * A palavra usada aqui é (곰)urso: isso também pode significar uma pessoa de raciocínio lento.)
Ele pensou que poderia ver porque essa pessoa era tão boa.
Karum murmurou para si mesmo.
Essa pessoa presta atenção ao coração de outra pessoa, não à sua aparência. Como gatos, cachorros e cavalos, que gostam dele mais do que Sidris ou Abadd.
Karum acenou com a cabeça.
‘Sim, então eu também tenho que ser bom, ‘porque sou uma boa pessoa.’
— Você não gosta de nada além de doces?
— A outra coisa… não, eu não sei…
— Ah, acho… sinto muito. Então vamos esclarecer isso. Por favor, espere.
Karum limpou a mesa e saiu da tenda de Leshak.
Seu ritmo para encontrar um cozinheiro ficou cada vez mais rápido.
***
A cozinheira perguntou: — Você está louco? — Mesmo assim, Karum insistia em fazer chocolates, doces e bolos. E ele roubou todos os doces de mel que a cozinheira guardava. O chef ameaçou ‘se vingar’! Mas Karum não se importou.
Os resultados agora se desenrolavam diante de seus olhos.
— O que você comeu?
Se não fosse pela venda, os olhos de Radan estariam turvos como se estivesse em um sonho.
Mesmo que ele não pudesse ver com seus próprios olhos, não era difícil adivinhar o que ele estava sentindo agora apenas pela vermelhidão do nariz, lábios e bochechas.
— Chocolate… doce… e torta… ele trouxe… e novamente…
Então Leshak ficou descontente.
‘Que tipo de bastardo estava alimentando-o com chocolate ou algo assim? Quem diabos está na minha frente?’
O culpado deu um passo à frente. Ele disse com um gesto que parecia um lembrete, como se esperasse um elogio.
— Ele amou. Principalmente o marchpane* e a torta de framboesa.
(NT: Marzipã (do italiano marzapane), marzipan ou maçapão é um doce de origem árabe, preparado a partir de uma pasta feita de amêndoas moídas, açúcar e claras de ovos, que pode ser moldada. Também podem ser adicionadas essências.)
— …
Leshak franziu a testa.
— Não quero saber disso agora. Você parece um urso, punk.
Leshak costumava ser gentil sempre que Abadd chamava Karum de urso, mas agora parecia disposto a elogiar a visão sábia.
— O que o chef disse é bom.
Neste campo de batalha, houve sarcasmo de que os nobres ricos que não tinham nada para fazer, e o chef que só precisava fazer salgadinhos para eles comerem, ficaram muito felizes.
Como um urso, Karum não percebeu o sarcasmo de Leshak.
— Posso fazer um juramento a Deus de que ele pode se vingar de mim, mas valeu a pena. Ele realmente gostou.
— Então isso é…!
— … esse é o problema, seu bastardo!
Radan virou a cabeça cuidadosamente.
— Uh… hmm, eu não deveria ter comido… .
— Não.
— Não. Não é isso.
Leshak e Karum responderam quase ao mesmo tempo.
Leshak virou a cabeça e perguntou a Radan.
— Por que você não me disse que gostava de doces?
— …huh?
— Ele não sabia até agora.
O filhote de urso sem tato interveio novamente.
— Não está feliz por saber disso agora, Alteza? Você não está feliz?
Os olhos opacos do filhote de urso brilharam, certamente receberia um elogio. Que coisa feliz de aprender.
— Você cala a boca.
Karum ficou perplexo com as palavras de Leshak.
— Sim… Alteza?
— Vá lá fora e espere. Tenho algo para conversar com Radan.
— Ah bem…
— Você é surdo?
— Huh… sim, Meu Senhor. Tudo bem.
Karum encolheu os ombros e saiu.
Por mais que pensasse sobre isso, ele não conseguia entender porque Leshak reagiu daquela forma a algo que merecia elogios.
— Não. Mesmo assim, valeu a pena.
Karum endireitou os ombros caídos. Ele foi amaldiçoado pelo cozinheiro e odiado pelo Príncipe Herdeiro sem motivo, mas valeu a pena. Quando cortou a torta de framboesa, Sir Mjab disse três vezes que ele era uma boa pessoa.
— Radan. Responda. Por que aquele urso sabia de algo que você não me contou? Você contou isso para Karum?
Leshak estava falando sério. Pensando bem, esta já era a segunda vez que Karum foi cortado na frente dele. Era evidente o quanto Radan gostava dele quando estavam no riacho, e Karum insistiu e o levou para carregar.
Maldito urso bastardo! Ele é rápido em coisas inúteis.
A resposta de Radan foi simples, tão simples que parecia ridicularizar seu descontentamento.
— Ah, a bebida.
— Bebida?
— A bebida, ele perguntou se eu gostei… .
— Então você disse que era bom?
— Sim.
Não que Karum fosse rápido.
Ele era apenas lento! Leshak cerrou os dentes com pesar. Droga! Por que ele não pensou nisso?
Ele se jogou na cama.
Com o movimento incomum do Reino Kemened, todos ficaram em estado de alta tensão enquanto se preparavam para um ataque surpresa. Não houve tempo para pensar em Radan. Tudo o que ele fez foi dizer a Karum para cuidar de sua refeição. Nesse ínterim, ele simplesmente passou a ver seu rosto um pouco.
Leshak estendeu a mão e passou os braços em volta do pescoço de Radan. A testa de Leshak tocou a sua nuca.
— Eu deveria ter vindo mais cedo.
— Ah…?
— Se eu tivesse, aquele urso não teria se movido primeiro.
— O-onde está o urso… está aqui?
Leshak suspirou. A lentidão não era menor aqui.
— Não posso fazer nada a respeito.
Radan, que tremia enquanto os pequenos pelos de sua nuca se arrepiaram devido à temperatura de sua respiração, perguntou.
— Hmm, o quê?
— Sinto muito, não posso fazer isso.
Leshak deu as costas para Radan.
— Estou muito magoado agora, Radan. E é por sua causa.
(╭☞•́⍛•̀)╭☞ Além de ser ciumento, o boy é dramático rsrsrs )
— …
Radan baixou a cabeça de vergonha.
— Desculpe, Sua Alteza… o que eu fiz errado?
— Você não deveria me confortar?
— Como…?
— Me beija?
— Ah…
Radan não sabia o que dizer. Leshak observou ele fechar e abrir a boca novamente enquanto hesitava.
Os breves momentos passaram lentamente, como se apenas aquele tivesse sido separado de todo o resto.
— Acho que… Vossa Alteza… realmente gosta de beijar.
— Na verdade não muito.
— Ah, não… então por que…?
— Eu gosto de fazer isso com você.
— Ah…
Radan às vezes ficava muito surpreso com o homem chamado Príncipe Leshak. Como pode dizer coisas que ele nem sabia que existiam no mundo até agora?
— E seus lábios também.
Leshak esfregou os lábios de Radan com o polegar.
— Suas bochechas e seu nariz.
Seus dedos separaram os lábios de Radan. As pontas dos dedos secos tocaram sua língua. Assim como Leshak sentiu o toque de sua língua, Radan sentiu o gosto de sua carne.
A umidade se acumulou em sua boca, que antes era áspera. Leshak enxugou os lábios de Radan com um dedo molhado.
— Me beija.
Sua voz era baixa e áspera.
Radan teve vontade de chorar ao ouvir tal mudança em sua voz.
— …sim.
Radan agarrou o ombro dele. Leshak agarrou o braço de Radan e o envolveu. Radan encontrou seus lábios pela respiração, Leshak engoliu os lábios que se aproximavam de seu queixo.
Suas costas e ombros estavam entrelaçados. Leshak puxou Radan para mais perto e o pressionou contra seu corpo, Leshak se recostou enquanto segurava Radan, que esfregou os lábios desajeitadamente.
— Radan.
Seu nome fluiu pelos lábios do outro. Era um nome que ninguém jamais havia chamado com tanto carinho.
— Radan.
— Sim, Meu Senhor… .
— Radan.
Leshak pressionou a cabeça de Radan contra ele, a lacuna entre seus lábios desapareceu, seus lábios estavam firmemente entrelaçados um com o outro.
Leshak o beijou como um homem faminto. Não importa o quanto ele abrisse a boca, ele continuava lambendo os pequenos lábios como se não bastasse.
— Hhhh… .
Radan soltou um suspiro forte e agarrou o ombro de Leshak. Por um momento, pareceu que Leshak iria separar os lábios. No entanto……
SWISH!
No momento seguinte, seu corpo virou. Radan sentiu o peso de Leshak prendê-lo com força com todo o corpo.
Leshak ergueu o queixo de Radan e mordeu a carne macia por baixo. Marcas rosa apareceram em sua pele.
Leshak deixou marcas nos lábios como uma foca.
Os lábios que caíam ao longo de seu queixo estavam bloqueados pela gola da camisa. Leshak rasgou o nó com os dentes. O fecho da camisa se abriu revelando seu peito quente e nu. As marcas continuam na trilha sem parar.
Radan estremeceu quando os lábios de Leshak tocaram a pequena protuberância em seu peito.
— H-Haa… suspiro!
Radan seus braços e pernas lutaram, sem saber o que fazer com a sensação que experimentou pela primeira vez em sua vida.
— Is- isso é… .
Leshak agarrou o pulso de Radan com uma das mãos e pressionou-o contra a cama. O calor começou no local onde a perna de Leshak empurrou sua perna.
Radan, que não conseguia se mover, soltou um suspiro estridente sem dizer uma palavra.
Foi o mesmo para Leshak. Seus olhos estavam vermelhos, não era apenas nas bordas dos olhos que seu sangue fluía.
— Radan.
Leshak chamou Radan com um suspiro profundo.
— Hmmm… sim, Meu senhor?
As palavras que se seguiram estavam longe de suspirar.
— Agora, seja meu.
——–
LILITH TRADUZ (@lilithtraduz)