Love Sky - Capítulo 10
— Nong Sky… Nong Sky… Estou com fome.
— Então você deveria ir pra casa. Seu estômago não é um problema meu.
Após tomar um banho de meia hora, além de estar revigorado depois de dormir por algumas horas, Sky conseguiu estabilizar o seu humor. Então ele diligentemente começou a consertar a sua maquete, ignorando o homem que ainda estava rolando sobre a cama.
“Eu não entendo o motivo dele ainda não ter ido pra casa.”
— Nong Sky não comeu nada desde essa manhã. Já está tudo escuro.
— Oh, eu não estou com fome. Eu quero terminar a minha avaliação.
— Agora eu estou com sono.
— Se você está com sono, então vá embora. Não me incomode. Quanto mais longe você estiver, melhor.
Quando ele percebeu que tinha um ponto fraco em relação a Pai, ele fortaleceu a sua guarda novamente. Apesar do gigante estar sendo fofo, abraçando o travesseiro, e o encarando da cama, ele não parecia tão patético assim.
“Isso é irritante.”
— Eu tenho que me acostumar com a sua mesquinhez, não é?
— Você não precisa. Você pode ir pra casa.
Sky continuou tentando mandá-lo embora. Quanto a Pai, ele continuou falando, sem mudar sua expressão.
— Quando é que você será o meu namorado? Quando você irá tomar uma decisão? Não me confunda, Nong Sky.
Essa conversa sem vergonha o deixou sem palavras. Essa fala mexeu em algo no seu coração, mas foi apenas por um segundo. O rosto de Sky estremeceu e ele não deu mais nenhuma resposta. Ele sabia que quanto mais ele discutisse com P’Pai, mais satisfeito ele ficaria. Então vamos apenas não discutir com ele. Deixe-o falar até a sua saliva secar, então ele ficará em silêncio.
— Quanto mais eu falo, mais fome eu sinto. Bem, eu já te falei que eu sou um amante de carnes? De porco, frango e carne bovina. Eu posso comer tudo isso junto. O meu jeito favorito é carne assada, mas raramente comemos em casa. Meus pais dizem que eles já estão velhos e precisam cuidar da saúde. Minha irmã mantém o corpo em forma e diz que não pode caçar sua presa. Meu irmão não come carne. Se tem alguém que tem o mesmo gosto que eu, é o meu tio. Mas ele anda muito ocupado, então ele não vem comer em casa com tanta frequência. Eu também gosto de arroz. Quanto mais eu falo sobre isso, mais me dá vontade de comer carne assada na brasa, mergulhada em um delicioso molho, com arroz branco. Ai! Meu estômago está roncando.
O dono do quarto continuou quieto. Ele não ligava para o quanto aquela outra pessoa falava. Ele apenas se sentou e ficou trabalhando, sem virar a cabeça para olhar para ele ou falar que está chateado. Então o homem mais velho concluiu:
— Vamos comer alguma coisa.
— …
A pessoa sentada na mesa se manteve em silêncio, enquanto o que estava na cama mantinha um sorriso no canto da boca.
— Você se aproveitou de mim quando não estava bem e agora está me ignorando?
Ele podia ouvir que a outra pessoa estava se levantando da cama, mas ainda assim não virou a sua cabeça. Era como se sua concentração estivesse voltada para o trabalho que estava em sua mão. Ele sabia que o gigante estava se aproximando da sua mesa.
— Você tem certeza de que quer me ignorar?
Apesar de Pai se inclinar e sussurrar no seu ouvido, Sky não se moveu, continuou se controlando, enquanto o hálito quente de Pai encostava na sua bochecha, acelerando o seu coração. Os braços grandes dele também estavam ao redor dos seus ombros, puxando intencionalmente o seu corpo quente para mais perto. Mas desde que ele continue parado, o Pai não fará nada.
— Você tem certeza?
Sky continuou mantendo um limite entre eles.
— Ugh, eu te disse que eu gosto de comer carne. Eu posso comer qualquer tipo de carne, mas eu gosto mais das carnes com uma textura macia.
A risada em seus ouvidos o deu nos nervos, mas não foi tão forte quanto as duas mãos deslizando sob a sua camisa escura, acariciando seus ombros nus. Os lábios quentes de Pai se aproximaram da sua pele macia.
[Beija]
— Eu gosto desse tipo de carne.
Uma boca quente encostou no seu ombro, mas Sky apenas se afastou.
— Eu já te disse que se você quiser brincar, vá brincar com outras pessoas.
— Não, eu quero brincar com você…
[Beija]
Ele pressionou outro beijo na sua nuca, até que Sky não conseguiu mais ficar parado. Sky mordeu o seu lábio inferior, então começou a se questionar se deveria ignorá-lo ou não. Ele esqueceu que Pai era um cara muito travesso quando gostava de alguém, a ponto de realmente chegar a comê-lo.
— É uma carne muito encantadora. Especialmente aqui.
[Beija]
— PHI PAI!
Prapai não só pressionou o nariz contra a sua bochecha, mas usou também os lábios para pôr mais pressão no beijo, o que assustou a pessoa imóvel. Incapaz de continuar suportando, ele se virou e gritou bem alto. Sky afastou o seu rosto e segurou a bochecha dele com força. Seus olhos brilhantes não sabiam se deveria ficar com raiva ou em choque, enquanto a sua outra mão tateava ao redor da mesa e acabou agarrando um objeto familiar… um estilete.
— Eu acho que é melhor eu conseguir algo para comer.
Quando Sky levantou a lâmina do estilete, o gigante se moveu rapidamente, sorrindo, levantando as mãos para admitir a sua derrota. Ele caminhou e pegou uma camisa para vestir, o que significa que ele iria comer e voltaria novamente para lá.
— Essa camisa é minha.
— Estou pegando emprestada. Nong Sky pode trancar a porta primeiro. Eu vou voltar mais tarde e vou te ligar.
A pessoa sem vergonha não perguntou se tinha permissão para ficar ou não. Ele decidiu por conta própria. Então foi abrir a porta. Mas antes de sair, ele se virou para olhar para o seu rosto.
— Ah! Você sabe qual é a bebida que combina mais com carne?
Sky continuou quieto, tentando não reagir, mas suas bochechas já estavam corando. Prapai também não esperava por isso, então enquanto Sky olhava para baixo, ele respondeu com um sorriso malandro:
— A comida fica deliciosa com leite.
[Bang]
O gigante negro sabia que se ele ficasse lá por mais um minuto, um estilete voaria em sua direção. Portanto, ele desapareceu rapidamente quando Sky segurou aquele objeto. Sky olhou para a porta fechada com um olhar de insatisfação. Então tocou nas suas bochechas vermelhas que não conseguiam voltar para a sua cor verdadeira.
Ele não é tão ingênuo assim. Ele sabia que P’Pai não iria comer de verdade carne assada com leite de vaca. Muito menos estava falando sobre carne assada ao ponto. Prapai quis dizer que ele era a carne!
— Será que eu acidentalmente dormi com um idiota?
Sky murmurou enquanto jogava o estilete sobre a mesa, sua outra mão tocou a bochecha que Pai estava acariciando gentilmente. Então ele sentiu que o canto da sua boca se transformou em um grande sorriso, e logo depois veio uma risada incontrolável.
O homem maluco que o enlouquecia o fez sorrir desse jeito. Agora Sky precisava usar esse momento silencioso para finalizar o seu trabalho. Mas ao invés disso, ele pegou um lápis e escreveu em um pedaço de papel que estava próximo da sua mão, com um grande sorriso:
[…Ele gosta de carne assada…
…Os pais dele gostam de cuidar da própria saúde…
…Ele tem dois irmãos mais novos e um tio…
…Ele ama carros de corrida…
…Ele gosta de ficar à toa…]
Ele não estava curioso, mas como um certo alguém insistia em contar essas coisas, ele apenas escreveu-as para poder se lembrar.
Sky passou o resto do tempo dando continuidade ao esquema em que ele estava trabalhando, e já estava na etapa final. Logo depois, houve uma batida na porta do dormitório, fazendo-o se questionar quanto a eficiência do sistema de segurança do edifício. Como é tão fácil assim pessoas estranhas entrarem no prédio? Contudo, ele concordou em abrir a porta. Ele sabia que era o dono da motona preta que estava parada no estacionamento do prédio. Ele não estava surpreso ao ver P’Pai entrar no dormitório e pegar uns pratos, assim como ele pegou a sua camisa sem pedir permissão.
O que o surpreendeu foi que ele despejou alguns acompanhamentos no mesmo prato, depois colocou as duas sacolas de arroz em outros dois pratos. Depois fez um gesto chamando-o para comerem juntos.
— Vamos comer logo, antes que esfrie.
“Isso parece estranho.”
P’Pai não desapareceu para poder comer sozinho. Ele também trouxe arroz para ele. Então a pessoa que disse que não queria comer se moveu para sentar no chão, próximo dele.
— Seja honesto, você não pensou em ir para casa ou em falar com a sua família? Eles não estão pensando que a sua moto quebrou ou algo do tipo? Ele perguntou com impaciência, porque P’Pai agia como se fosse ficar no seu dormitório para sempre.
— Você está tentando me expulsar ou algo assim?
— Hmmm. O garoto ao lado dele assentiu. Sky perdeu o respeito por P’Pai porque ele não hesitou em se sentar e se sentir confortável no seu apartamento. Por que eu deveria considerar os sentimentos dele? Mas ao invés de ficar irritado, o homem alto riu, pegou o seu celular e ligou para alguém.
— Phan, é você?
O garoto se abaixou para comer o curry verde e o arroz de frango, mas seu cérebro já tinha gravado o nome “Phan”.
— Estou ligando para dizer que hoje não vou voltar para casa.
“Hmmm?”
Se antes ele não estava interessado naquela conversa, agora ele estava. Por que se ele não iria dormir na casa dele, onde mais ele iria dormir se não fosse no seu apartamento? Mas a pessoa fazendo a ligação continuou falando com uma cara inocente.
— Não, eu não tomei o remédio errado. Eu só liguei para dar esse recado, porque tem alguém preocupado que vocês pudessem pensar que algo aconteceu comigo. Eu estou ligando apenas para vocês não ficarem preocupados. Eu estou seguro.
Sky poderia jurar que as suas palavras significavam que ele estava expulsando-o. Mas P’Pai presumiu que ele estava chateado por deixar a família dele preocupada. Então ele o encarou com as sobrancelhas levantadas. E o que a pessoa no telefone está fazendo?
— É só isso.
Após isso, ele desligou a chamada. Mas ele retificou o que tinha dito:
— Eu liguei e falei com a minha Nong. Mas ela disse que o irmão dela tomou o remédio errado sem olhar a embalagem.
— Eu nunca te falei para ligar pra casa e eu não te deixei ficar aqui.
Sky disse francamente, mas o ouvinte fingiu abrir os olhos dramaticamente.
— Oh! É mesmo? Mas eu já falei com a minha irmã. Hoje a noite ela irá pedir para as pessoas lá de casa trancarem a porta e eles não esperarão por mim. Onde eu irei dormir? Eu também trouxe a minha moto. Eu não tenho um teto sobre minha cabeça. O que eu posso fazer? Só me deixe dormir aqui apenas por uma noite. Caso contrário, Nong Sky terá que assumir a responsabilidade por me fazer ligar para casa para avisá-los que não iria voltar hoje.
Praphai concluiu rapidamente após Sky falar a frase:
— Isso não é engraçado.
— Você está me vendo rir?
O garoto queria encará-lo com olhos frios, mas ele sabia que seus lábios tremiam conforme olhava para o homem malandro que se finge de inocente. Qualquer um que acreditasse numa mentira dessa seria considerado louco. Finalmente, ele abaixou a cabeça para comer e encerrou aquela conversa.
— Okay. Mas não é como se eu tivesse permitido.
“Mesmo que eu dissesse não, ele ainda faria isso?”
Sky sabia dos riscos de deixar a pessoa que queria transar com ele dormir no seu quarto. Mas se ele quisesse fazer algo de ruim contra ele, já teria feito desde a noite em que ele estava doente.
Ele não tinha nada a perder. Se P’Pai forçasse alguma coisa, estaria tudo acabado. Ele não iria deixá-lo se aproximar novamente.
Além disso, ele ainda não o havia retribuído por cuidar dele quando estava com febre.
“Quão fraco você é, Naphon?”
— Phi Pai é próximo dos seus irmãos?
Assim que o quarto ficou em silêncio, Sky perguntou. Ele podia sentir que o outro era próximo do seu irmão e da sua irmã. P’Pai não estava nada chateado, apenas assentiu e começou a explicar:
— Somos muito próximos. Eu sou o irmão mais velho. O do meio está no 3° ano da faculdade. A mais nova acabou de começar o 1° ano. Eles não tem uma diferença grande de idade. Ambos têm a mesma personalidade, são teimosos e persistentes. Eles têm milhares de cartas na manga e usam todas elas. Se eles estiverem tentando atrair a atenção de um homem ou de uma mulher, eles apenas querem atingir o seu objetivo, independente do método. Eles me dão dor de cabeça com frequência.
Quando ele disse isso, soou bem familiar.
— Eu acho que você está errado. Não são apenas eles dois que têm essa personalidade. E o único com dor de cabeça nisso tudo sou eu.
Pai não rebateu, apenas riu e admitiu, e perguntou algumas coisas:
— E quanto a Sky?
— O que é que tem?
— Você tem irmãos?
Sky raramente fala para alguém sobre a sua história. Ele pode ser muito próximo de alguém e se dar bem com muitas pessoas, mas dentre todos da universidade, Rain é o único que sabe sobre a sua família. Isso não era algo que ele tinha que esconder. O jovem concordou em responder a sua pergunta:
— Não, eu sou filho único. Então eu não entendo como as pessoas se sentem com relação aos irmãos. E eu raramente visito meus pais. Eles se divorciaram. Minha mãe mora no exterior e meu pai em outra região. Eu não vejo minha mãe há anos, mas ela ainda me liga e conversamos de vez em quando.
Sky não estava triste porque os seus pais se divorciaram, mas isso não significa que ele não se sente sozinho. Era algo tão óbvio que Pai soltou a colher e se moveu para poder sentar bem perto dele que até seus ombros se tocaram.
Ele iria dizer que ele estava quente, mas…
— Um dia eu irei te apresentar ao meu irmão e a minha irmã. Eu tenho certeza de que eles vão gostar de você.
De repente a solidão desapareceu, deixando apenas o sentimento de tranquilidade, quando ele fez contato visual com aqueles olhos penetrantes que brilhavam atentamente. Talvez tenha sido por isso que ele não se afastou quando Pai acariciou a sua cabeça.
— Se a personalidade deles for igual a sua, eu provavelmente não irei gostar deles.
— Hahaha…
Sky se afastou do narcisista e começou a comer, porque não só ele tinha trabalho pendente, como ainda precisava entregar várias peças até a semana seguinte. Quanto a Prapai, ele não se importou. Ele se abaixou e comeu.
Após terminar de comer, Prapai pegou mais uma embalagem com arroz e se serviu. Ele parecia estar com muita fome. Sky tinha acabado de perceber que Pai não tinha comido nada no evento da faculdade, e ele provavelmente só comeu o arroz que ele comprou nesta manhã. Ele estava segurando a fome desde ontem.
De repente, ele sentiu algo puxando no seu peito, então abaixou a cabeça e comeu em silêncio, ignorando o golpista ao seu lado, até que o prato ficou quase vazio.
— P’Pai, posso te perguntar uma coisa?
— Você pode fazer várias coisas. Você pode me abraçar, me tocar, me beijar, e tudo mais.
Sky esperou até que a pessoa que estava de bom humor terminasse de falar, então ele pediu algo que Pai não estava esperando:
— Você pode parar de me chamar de Nong Sky?
“Isso é engraçado.”
— Então como devo te chamar?
— Sky está bom. Naphon também. Não precisa da palavra “Nong”.
Pai não parecia entender o que havia de errado, mas parecia estar incomodando-o há um bom tempo, talvez desde a primeira vez em que o chamou assim. Apesar de ter sido há um mês, Sky não falou nada. Mas agora as coisas estavam diferentes, porque parece que ele está se acostumando com a pessoa na frente dele. Dessa vez, ele o repreendeu de cabeça erguida. Não é tão diferente assim.
— É bom saber disso.
— Hã?
Sky percebeu que muitas vezes quando P’Pai o chama apenas por Sky, ele parece sincero, sem falsidade. Mas quando o chama de Nong Sky, isso o faz pensar que ele estava apenas brincando e provocando-o.
Depois, Sky enfiou o arroz na boca em uma grande colherada, deixando o homem bobo estupefato. Então se levantou para lavar os pratos.
E foi quando Pai se decidiu.
— Se eu mudar o jeito que te chamo, você não ficará tímido, certo?
— Não.
— O quê? Eu sou lindo, forte, legal, atrevido e gostoso.
Sky se virou para olhar para a pessoa que estava murmurando alguma coisa. Ele não conseguia ouvir direito, mas era provavelmente algo em que ele acreditava. Então parou de se importar com isso e foi esvaziar os pratos e copos para limpá-los, ignorando o homem alto que encarava-o sem parar.
— Sky.
“Muito melhor do que antes.”
— Sim? O dono do nome se virou para olhar para aqueles lindos olhos brilhantes com alguns pensamentos em mente.
— Sky.
— O quê?
O jovem sentiu que essa cena era familiar e evidente.
— Sky é tão fofo.
— …
A pessoa que estava prestes a abrir a boca para perguntar o que estava acontecendo ficou em silêncio. Ele encontrou um par de olhos perplexos, confusos, mas não com a mesma determinação de antes. E algo nos olhos da pessoa na sua frente fez as suas bochechas começarem a esquentar.
Dessa vez ele sabia que não era por causa da febre.
Pai o encarou por um momento e depois sorriu.
— Okay, então será só ‘Sky’. Porque se eu te chamar de fofo, isso te fará corar.
— Você não está falando coisa com coisa. É melhor eu voltar a trabalhar.
O garoto empurrou o peitoral do homem alto com toda a sua força, e voltou para a sua mesa, ignorando a leve risada atrás de si.
— Você não vai lavar os pratos?
“Oh, eu não vou lavar. Estou envergonhado!”
Naphon não sabia se era porque ele mudou a forma como o chama, ou porque ele soava mais sério, ou porque os seus sentimentos por ele tinham começado a mudar. Por um segundo, parecia que o verão estava ficando mais quente. Ele sentia que um vapor estava saindo das suas orelhas.
“Droga! Eu sei que se eu recebo um elogio por ser fofo isso significa que ele está mentindo. E por que eu deveria ficar envergonhado pelo que um mentiroso diz? Que merda você está fazendo?!”
— Se você vai ficar, então venha me ajudar.
Prapai se inclinou e olhou perplexo para o cutting mat (base para corte – instrumento que arquitetos usam para fazer cortes, etc) e o estilete. A princípio, ele pensou que Sky estava brincando pesado, o que fez com que o garoto próximo dele tentasse desmembrá-lo. Mas aparentemente esse não era o caso. Além disso, o falante também segurou o segundo objeto e o colocou no chão, pegou algumas folhas de papel que haviam sido desenhadas, as colocou próximas umas das outras, e continuou.
— Corte ao longo da linha.
— Eu? Eu quase nunca uso um estilete. Ele disse isso, porém ainda se moveu para sentar no chão, olhando para o feed do seu amigo no Facebook.
Ele ouviu de muitas pessoas que quando você senta para fazer uma dessas tarefas, você fica trabalhando nela por horas.
Quando Sky abriu a boca e concordou em falar com ele, já pediu ajuda com o seu trabalho. Pai precisa falar para ele que é muito bom em matemática, mas que é péssimo em artes.
— No começo você não estará acostumado, mas depois de um tempo você ficará.
“Tipo assim?” Seus olhos perguntavam isso e o garoto bonito assentiu, cheio de entusiasmo. Parece que Sky não conseguiu terminar a tempo. Quanto a ele, não tinha nada para fazer, então ele obedeceu. Ele não brincou muito porque o jovem ainda estava com o estilete em mãos. Ele olhou para o exemplo que Sky fez. Sky usava o estilete tão bem que ele se lembrou de não brincar demais enquanto ele estivesse segurando uma lâmina afiada.
Após alguns minutos, era o momento de começar a trabalhar.
— Não esqueça de colocar isso no cutting mat. Tenha cuidado com os seus dedos.
O gerente deu a ordem, se sentou e ficou trabalhando no caderno, até que os olhos de Prapai começaram a fechar levemente.
“Se você quiser se aproveitar de mim, eu não irei me importar.”
O jovem não se perguntava mais sobre o motivo de ainda não estar entediado. Ao contrário, quanto mais próximo ele fica do Sky, mais ele se diverte. Ele apenas continuou olhando para a sua expressão aparentemente calma, mas na verdade ele é um pouco solitário, um pouco fraco, e um pouco tímido.
Quanto mais olhava para ele, mais ele queria vê-lo, mas quando Sky não se virava para olhá-lo, Prapai soltava algum comentário.
— Esse é o momento em que o namorado que trabalha como um arquiteto recebe ajuda do seu namorado para cortar os modelos das peças.
— Pois fique sabendo que eu não sou seu namorado. E amigos também podem ajudar a cortar os modelos.
“Eu devo ficar feliz ou triste porque agora eu fui promovido de conhecido para amigo?”
— Você quer ser mais do que o meu amigo?
— Então você já pode ir pra casa.
“Que teimoso.”
Mas Prapai também riu e não retornou ao assunto. Ele abaixou a cabeça de bom grado para fazer o trabalho que o garoto de coração frio ordenou, pois ele estava preocupado com a pessoa que tinha acabado de se recuperar de uma doença.
Se ele pudesse ajudá-lo a aliviar o trabalho gastando um pouquinho do seu tempo, então estava tudo bem. Quanto mais o jovem pensava nisso, mais ele sentia que era uma boa pessoa.
Por que Sky ainda não o valorizava?
Se Payu ouvisse isso, ele iria suspirar no seu rosto e dizer porquê ele não era o melhor.
— Certo. Hoje estou disposto a ser o assistente de Sky.
O ouvinte se virou, olhou para ele, e os cantos dos seus lábios se transformaram em um sorriso agradável sem dizer uma palavra. Mas aquele sorriso é tão precioso que o homem que acreditava ser bom em matemática pensou em voltar a estudar novamente.
“Bem, isso é só um estilete, eu serei capaz de fazer um bom uso dele para que eu possa me exibir para ele!
Eu estou sorrindo demais?”
Esse questionamento fez Prapai parar de procurar por respostas por um tempo.
***
— Por favor, não me diga que eu irei dormir no chão.
— Após o que aconteceu entre nós, você espera que eu durma na mesma cama que você?
“Pelo menos já tivemos uma noite como amantes antes.”
Prapai quase disse essa frase, mas ele sabia que não apenas não receberia o sorriso que tanto queria ver, como também Sky poderia encará-lo com os olhos paranóicos de novo.
Então aqueles olhos ferozes olharam apenas para o colchão fino no chão, com travesseiros e cobertores posicionados ao lado da cama dele. Então Prapai se virou para olhar para a cama grande do garoto, onde eles poderiam dormir juntos e confortavelmente. Ele já dormiu nela tantas vezes…
“Eu não quero que você me agradeça, mas fizemos mais do que apenas dormir juntos nessa cama, Sky. Você me abraçou apertado.”
Ele poderia ter dito isso, mas não. Porque se ele falasse, ele poderia perguntar indiretamente sobre os pesadelos de Sky, e seus instintos diziam que não deveria falar absolutamente nada sobre isso. Ele já conseguiu fazer Sky sorrir. Sky já permitiu que ele entrasse no seu dormitório sem precisar fazer uma chave reserva secreta.
Se ele pedisse para voltar no tempo com essa pessoa teimosa, não teria outra doença séria para ele conseguir ganhar alguns pontos com Sky.
— Certo, eu posso dormir no chão. Não se preocupe.
“Não seria tarde demais se eu fosse para a cama dele quando ele dormisse.”
— Oh! E quando eu acordar de manhã, espero que você não esteja deitado ao meu lado. Disse o garoto que estava prestes a desligar a luz e voltar para a cama. Ele não prestou atenção em Prapai até ele terminar de arrumar a cama e resmungar:
— Oh! Eu vim até aqui para te trazer comida. Quantas horas eu fiquei sentado ali, cortando os modelos? E você ainda vai me deixar dormir no chão. Eu não sou mais o seu assistente, obviamente eu sou apenas um escravo comum.
— Eu nunca disse que você não era.
Prapai, que tinha acabado de deitar na cama, se levantou e se virou para observar o garoto malvado deitado na cama com a bochecha enterrada no travesseiro. Com a luz brilhando do lado de fora, ele viu que Sky ainda o encarava.
“É o paraíso!”
O garoto que sorria com um atrevimento adorável disse em um tom de voz suave:
— Você está aqui para que eu possa te usar.
Sim, ele estava sofrendo bullying.
Pai caiu para trás depois de ouvir aquela risada vindo da cama. De repente, o garoto que nunca tinha servido a ninguém, pensou que ser um servo não era tão ruim assim. Especialmente quando ele tinha que servir o garoto que o observava com olhos deslumbrantes, sorrindo docemente em silêncio, porque ele achava que o outro não conseguia enxergar no escuro.
— Okay, você me pegou.
— Eu ganhei de forma justa. Sky respondeu brincando. Ele ouviu o som de Pai se virando para o outro lado da cama. O homem que nunca deixava a sua presa escapar, deitou imóvel sob o cobertor fino.
No fim, Prapai finalmente riu, mas foi um riso um pouco fraco.
“Por agora, eu deixarei você pensar que ganhou dessa vez!”
Esse foi um dos momentos raros em que ele compartilhou o quarto com outra pessoa e não aconteceu nada. Sem mencionar que ele está sem ficar com ninguém há mais de seis meses. Ele dificilmente poderia esperar, mas… ele queria cuidar desse garotinho. O pensamento de que as coisas tinham chegado num limite crítico passou novamente por sua mente. Mas ele estava mais do que disposto a encarar essa crise se ele pudesse apenas ouvir esse tipo de pergunta com frequência…
— Não está frio demais, Phi? Deixe-me desligar o ar-condicionado, tá?
Não é algo ruim fazer a outra pessoa ficar preocupada? Ou seria melhor se ele fingisse estar doente?
“O desconforto por ser mandado dormir no chão não é tão ruim assim… Então da próxima vez eu poderia dormir na cama com ele.”
***