Love Sky - Capítulo 06
Quem poderia acreditar que apenas algumas palavras poderiam fazer o homem que já ouviu todos os tipos de súplicas voltar a se sentar na cama. Sua mão gigante se moveu para tocar gentilmente as bochechas pálidas dele, enquanto ouvia os murmúrios da pessoa doente e com os olhos vermelhos.
— Não vá.
— Eu não vou a lugar nenhum. Eu estou aqui.
O garoto doente balançou a cabeça, não acreditando nas suas palavras. Ele apertou com força a parte de trás da camisa de Prapai. Pai moveu sua mão para tocar a sua testa, massageou suas têmporas com delicadeza, em seguida acariciou gentilmente seu cabelo suado.
Seu rosto sombrio reflete um sorriso e ele diz em um tom de voz baixo, agradável aos ouvidos:
— Eu vou só te limpar para que você possa dormir mais confortável.
O paciente abriu os olhos novamente, se agarrou ainda mais próximo da camisa dele, soluçando sem lágrimas, recusando a ideia dele sair da cama para pegar algumas toalhas.
Prapai não acreditava que Sky estava impedindo-o de sair, porque ele não parecia saber quem estava na frente dele agora. Não é como se ele estivesse com medo de ser estuprado ou de ser visto pelado. Sky realmente não queria que ele fosse para qualquer outro lugar.
Como é que ele sabe que Sky está insconsciente? Não importa o quão doente esse pirralho esteja, seria impossível ele agarrar sua camisa desse jeito, e fazer biquinho. Sky iria falar que estava tudo bem. De repente, o homem mais velho ficou irritado.
Quem é a pessoa que Sky está pensando agora?
Quem é a pessoa que ele está tentando manter por perto?
Pai suprimiu sua frustração porque ele não é do tipo que fica mal-humorado por causa de ninguém. Especialmente com a pessoa doente que está suando profusamente.
Ele viu que Sky ainda estava com os olhos fechados, sua testa ainda estava franzida, enquanto a mão grande de Pai a segura gentilmente.
Mais cedo, ele continuou segurando a camisa de Pai com uma mão, mas agora estava segurando-a com as duas. Como se seu insconsciente dissesse que não queria deixá-lo ir embora.
A pessoa que raramente fica frustrada estava infeliz.
Bem, se a pessoa na mente de Sky fosse ele, Prapai iria ficar tão feliz. Mas parece que esse não é o caso.
— Me solte primeiro, como eu posso te limpar assim?
— Huh.
Sky estava soluçando, como se estivesse protestando, então se aproximou do Prapai até que seu queixo tocou nos quadris dele. O homem mais velho teve que se mover até a cabeceira, depois deslizou o braço até a parte de trás da cabeça de Sky, fazendo-o de travesseiro, para que ele pudesse dormir de forma mais confortável. Seus olhos ferozes encaram a pessoa que estava tão fraca que não tinha mais resquícios do garoto frio.
Quando parecia que Prapai não iria mais levantar, o paciente se acalmou. O homem alto não sabia quanto tempo ele ficou acariciando e confortando-o para que ele fosse dormir. Talvez alguns minutos, ou várias dezenas de minutos, porque seus olhos afiados só podem ver a pele pálida que estava se aconchegando nele. Seu cérebro tentava dispensar a frustração em seu coração, dizendo a si mesmo que Sky está doente e que é assim com todos os pacientes. Ele entendia que era normal Sky confundi-lo com outra pessoa.
— Hmmm, você é um garoto travesso, Sky. Eu estou tão preocupado com você.
Prapai está tão preocupado que abandonou seu trabalho pela primeira vez na vida.
Ele apenas ficou sentado vendo a expressão no rosto da pessoa pálida que estava com febre. Isso deu tempo para ele ponderar sobre a loucura que ele sentiu assim que ouviu do Rain sobre o que tinha acontecido.
Ele pode ser o tipo de cara que gosta de sair e curtir, mas não é insensível. Quando ele ouve que seus amigos ou familiares estão doentes, ele é gentil o suficiente para os visitar. Mas todas essas vezes são diferentes de agora. Quando Plueng pegou um resfriado há anos atrás, ele apenas ligou da Inglaterra e desejou melhoras. E isso é só um pouquinho de amor fraterno, mas isso…
— Está tudo bem.
Seu relacionamento com Sky não é diferente do de um conhecido. Eles dormiram juntos uma noite, mas isso não fez o status deles como conhecidos ser um pouco mais especial. No entanto, ele está preocupado a ponto de ter que procurar desculpas para si, e ainda assim não conseguir se justificar.
Talvez seja porque esse garoto é diferente dos outros. Não só ele não está interessado nele, mas também quer que ele desista. Talvez isso seja como quando você vê uma coisa nova que é rara, e isso torna tudo ainda mais viciante.
“Procurando por desculpas para justificar suas ações, Pai? Preocupação é preocupação.”
Ele finalmente encolheu os ombros e parou de pensar no assunto.
Eu estou preocupado com Sky por qualquer motivo que seja. Eu também quero saber mais sobre a pessoa que está na mente de Sky agora.”
Isso foi o que ele pensou, enquanto deslizava com delicadeza os seus dedos no cabelo preto que estava úmido de suor, mas ele não se importou, porque continuou acariciando gentilmente a cabeça de Sky, enquanto afastava a mão dele da sua camisa, colocando-a sobre a cama.
Ele estava pronto para se levanta como pretendia, para que pudesse limpá-lo, mas…
— Huh. O enfermo seguro sua mão com tanta força que seu coração amoleceu.
— Como eu vou te limpar, bom garoto? Primeiro, solte a minha mão.
Vendo a bochecha vermelha do garoto, ele não pôde evitar se inclinar para frente, desejando roubar um beijo… ele iria considerar isso como um presente adiantado.
— Pai.
Antes que a ponta do seu nariz tocasse a bochecha dele, uma palavra saiu da sua boca e o fez ficar em silêncio.
— Sim, pai.
Prapai endireitou a coluna e olhou para o enfermo que continuou chamando seu pai sem parar, até que ele finalmente entendeu. Seu rosto sombrio se transformou em um sorriso, e agora em uma risada.
“É o pai dele. Eu fiquei com raiva porque Sky pensou que eu era o pai dele.”
Sim, realmente, ele deveria ficar irritado por ter sido chamado de velho. Mas quando ele percebeu que Sky estava chorando chamando pelo pai, ele se sentiu aliviado.
“Tão fofo, porra!”
Quem teria acreditado que um garoto que sempre estava olhando pra ele friamente tinha um lado fofo em relação ao pai? E isso fez Prapai estender os braços até tocar nos ombros de Sky, depois segurou-o e o abraçou, em seguida puxou o cobertor para cobrir o enfermo. Ele sentiu uma temperatura anormalmente alta, porém isso não o incomodou.
Ao contrário, ele ficou com um sorriso de orelha a orelha quando o doente moveu suas mãos para abraçar com força a sua cintura, se aconchegando em seu abraço. Após o que parecia ser um resquício de um pesadelo, agora era apenas uma expressão de uma tranquila serenidade.
— Eu não estou fazendo nada com o seu amigo, Rain. Estou apenas fingindo ser o pai de Sky por causa dele.
“A frase ‘não estou fazendo nada’ não inclui segurar e abraçar uma pessoa doente, certo?”
Prapai pensou enquanto segurava com firmeza o corpo magro de Sky, ele está feliz que o paciente se moveu e colocou a bochecha em seu peito, como se estivesse procurando por um ângulo confortável, e parecia realmente satisfatório.O garoto enterrou o rosto no seu ombro e ficou imóvel, caindo num sono pesado.
— Você quer que eu te abrace mais forte?
— …
Como um paciente poderia responder? Mas Prapai tomou o seu silêncio como um sim, então seu abraço ficou ainda mais apertado ao redor do corpo magro dele.
— Você quer que eu faça carinho na sua cabeça novamente?
E mais uma vez, é claro, sem resposta. Pai o acariciou como ele queria, e juntou as suas pernas até que seus corpos parecessem um só.
— Então… me dê um beijo.
— Sim.
“Droga, se eu tivesse te levado pra casa, eu teria perdido todo o meu autocontrole!”
Ele sabe que a pessoa doente está gemendo de aborrecimento após ouvi-lo sussurrar no seu ouvido sem parar. Mas a palavra que ele ouviu soou com um sinal verde para ele. Então é tão errado assim beijar a sua orelha, enfiar seu nariz no pescoço descoberto dele e inalar o aroma do seu corpo, para encher seus pulmões com satisfação? Sua boca murmurou:
— Eu não estou fazendo nada com o seu amigo, Rain.
“Porque você me deu a sua permissão e isso não conta como “fazer” nada aqui.”
Se Rain ouvisse isso, ele iria acusá-lo e dizer que ele fez isso de propósito. Ou como ele diz, com intenções impuras.
Mas Prapai não se importa, já que ele sabe que é inocente, exceto por aquela vez em que enganou Rain para conseguir o número de Sky.
E mesmo se ele não fosse, ele não se importa mais com o que as outras pessoas pensam, porque…
— Huh.
O enfermo ainda estava se aconchegando para abraçá-lo.
“Se eu te soltar, então eu serei um idiota.”
***
Embora Prapai quisesse continuar na cama abraçando a pessoa doente que ainda estava dormindo, quando ele viu o rosto vermelho e o corpo úmido e suado dele, ele não poderia ter nenhuma intenção maldosa. A pessoa saudável que nunca ficava doente se sentiu mal pelo garoto, pois continuava franzindo a testa numa expressão de dor, até que ele se levantou relutantemente e se afastou daquele corpo quente.
Primeiro ele teve que limpá-lo, para depois mudar as suas roupas e trocar o lençol molhado. É claro que ele nunca tinha feito isso antes, mas isso não significava que ele não poderia aprender. Logo depois, o homem alto entrou no quarto com uma toalha molhada, então puxou todo o cobertor para baixo. Ele congelou na frente do enfermo trêmulo.
Sim, a parte mais difícil de tudo é cuidar de alguém doente, porque ele nunca fez isso em toda a sua vida. Além disso, é também não poder fazer nada no enfermo nu. Isso é diferente!
Droga!
— Caralho, ele é tão sexy.
“Como você ousa pensar que eu poderia encontrar alguém mais fofo do que você?”
O garoto diante dele pode não ser tão fofo quanto Rain, e nem tão bonito quanto Plueng, mas esse corpo nu que repousa sobre a cama é igualmente atraente. Tanto que Pai teve que engolir a saliva algumas vezes.
Seus olhos afiados olharam o pescoço longo e fino dele, depois a sua bela clavícula, então seguiu para seu peito achatado, ele acariciou a parte roliça com a sua mão. Seus quadris firmes e sedutores, suas pernas longas que são um colírio para os olhos, sua pele macia que está ficando seca por causa do ar-condicionado quente. Todo o seu corpo está ficando vermelho por causa da febre. Por mais que ele quisesse dizer pra si em seu coração…
“Espera um pouco… Droga, Pai!”
Prapai sabe que isso é ruim. Mas a pessoa nua na sua frente parecia tão cativante.
“Seja um bom garoto, Prapaizinho.”
Se teve algo que o fez se acalmar, foi uma coisa ruim. Isso porque Sky estava tremendo de frio, enquanto se aconchegava no lençol macio. Isso por si só fez o homem alto se apressar para limpar o rosto e o pescoço dele, depois voltar para o banheiro para trocar a água, e em seguida limpar as costas, o corpo e os braços que ficaram suados, então Sky ficaria mais confortável.
É claro que um cara como Prapai jamais deixaria o pequeno Sky até que ele estivesse se sentindo perfeito.
— Eu não fiz nada, Rain. Eu só o limpei”, ele disse em tom de desculpas ao amigo de Sky.
Sim, limpou-o em todos os cantos. Após, ele separou algumas roupas para a pessoa doente vestir. Inicialmente, ele estava inclinado a não deixá-lo usar pijamas. Mas quando pensou que ele ficaria igual a uma garrafa de água quente a noite toda, a ideia de deixar a sua perna descoberta desapareceu rapidamente da sua mente.
Se ele continuasse se aconchegando e se esfregando até o fogo acender, não haveria garantias de que ele seria capaz de se controlar.
Após terminar de vestir Sky, ele o envolveu em um cobertor grosso, então o colocou momentaneamente no chão para que pudesse trocar os lençóis e colocar o enferno numa cama limpa. Ele olhou o resultado do seu trabalho duro com uma expressão orgulhosa.
— Hahaha, se alguém soubesse disso, iria morrer de tanto rir. Pai está cuidando de alguém nesse estado sem receber nada em troca.”
Agora Sky não tem mais suor por todo o corpo, Pai se molhou por causa do suor e da água que estava sendo usada para limpar a toalha. O homem alto foi até o guarda-roupa, pegou algumas peças, assim como uma calça com elástico na cintura, pois assim ele poderia usar, e desapareceu dentro do banheiro.
Quando ele saiu de lá, já eram 22h.
Desde que ele chegou pela primeira vez no local, ele notou que o movimento em torno do dormitório não diminuiu, ao contrário, tinha aumentado. Ele não estava preparado para passar a noite, mas seria um incômodo ficar indo pra lá e pra cá apenas para pegar as suas coisas. Contudo, ficar sentado cuidando de uma pessoa doente sem sequer se alimentar parece uma tortura.
Ele está com tanta fome que chega seu estômago está roncando, porém ele caminhou em direção a onde Sky estava para poder checá-lo de novo.
Sky estava com uma expressão melhor à noite.
[Beija]
O homem que prometeu que não faria nada se inclinou para dar um beijo forte na testa do garoto adormecido. Depois moveu os lábios para sussurrar em seu ouvido:
— Seja um bom garoto, só fique deitado aí e espere por mim, eu irei voltar.”
Apesar de não receber uma resposta, Pai considerou a expressão calma no rosto dele como uma confirmação. Agora seu lindo rosto exibia um grande sorriso com mais afeição em seu coração, ele acariciou as bochechas pálidas dele, antes de decidir pegar a sua carteira, o telefone, as chaves que recebeu, e logo saiu do quarto.
“Eu tenho que voltar rápido.”
Prapai não pensou muito no motivo pelo qual ele se importou tanto com uma pessoa doente desse jeito. Ele só sabia que estava preocupado. Por que ele tem que pensar tanto somente para encontrar uma razão que o deixa confuso?
***
— Diga ao seu namorado para não se preocupar. Ele está comigo.
— É exatamente por isso que meu namorado está preocupado.
Não demorou muito tempo para Prapai conseguir duas caixas de arroz, 2 sacos de mingau de aveia, alguns remédios, uma escova de dente e um barbeador. Mas quando ele voltou ao prédio de Sky, o telefone tocou novamente. E a pessoa que está ligando é ninguém menos do que… Ai’Payu.
O jovem bronzeado riu alto do que ouviu do outro lado da linha.
Ele nunca revelou seus motivo, mas Rain conseguia vê-los. Ele assumiu que o garoto tinha um forte instinto.
Deixar Sky com Pai não é diferente de dar um peixe a um gato.
— Eu não fiz nada. Só estou sendo um bom enfermeiro. Eu o abracei quando ele estava com frio. Eu limpei o seu corpo quando ele estava suando. Após limpá-lo, arrumei a cama. Você não consegue ver que eu deveria receber um prêmio como enfermeiro honorário?
[— PAI! Payu respondeu.]
Sua risada foi interrompida quando a voz profunda no telefone foi ouvida.
[— Eu sei bem qual é o tipo de cara que você é. Se você não fizer isso pelo Rain, então faça por mim, por favor. Eu quero que você não esqueça que esse garoto é o meu junior.]
Payu disse que se ele não tem consideração pelo seu namorado, pelo menos deveria considerá-lo. Isso fez Prapai parar de andar, e o sorriso brincalhão desapareceu do seu rosto, deixando apenas um olhar pensativo nos seus olhos.
Sky não foi o único que pensou que ele estava brincando. Até Payu que é seu amigo não o via de forma diferente. Isso pressionou-o a responder em um tom mais sério:
— E se eu estiver sendo sério?
— …
Embora não pudesse vê-lo, ele sabia que ele estava intrigado.
— Ei, depois a gente conversa. Diga ao Rain que Sky acordou apenas uma vez. Ele está dormindo profundamente agora, não se preocupe, eu não sou tão mau assim a ponto de fazer algo numa pessoa doente.
Prapai cruzou os seus dedos e encerrou a conversa:
— Isso é tudo.
Ele então colocou o telefone no bolso e foi direto para o dormitório, usando a chave, e foi até o quarto do paciente sem ao menos considerar comer em um restaurante, pois ele não queria deixar Sky sozinho por muito tempo.
Ele gostava mais desse jeito.
***
— Eu estou aqui, Sky. Sky é um bom garoto.
— Me segure. Não, não, não… não.
Aquele que estava fechando a porta virou-se para investigar a origem do barulho estranho, e assim que o viu, largou suas coisas na frente da porta e pulou na cama em direção da pessoa inquieta que estava com uma expressão de dor. Em apenas meia hora a pessoa que havia acabado de mudar de roupa estava toda molhada de novo por causa do suor.
— O que foi, Sky?
O homem alto estendeu a mão para tocar a testa de Sky a fim de checar a sua temperatura. Mas assim que os seus dedos tocaram-no, o garoto doente afastou a sua mão com medo, então Prapai parou.
O paciente continuou com os olhos fechados e com as sobrancelhas franzidas. Suor escorria do seu rosto e a sua cabeça se remexia no travesseiro, como se ele estivesse lutando contra um pesadelo. Sua garganta deixou escapar um gemido que parecia um uivo. Apesar dele não estar chorando, seu corpo tremia como o de alguém que estava lutando contra o próprio medo. Isso fez a pessoa que o observava ficar apavorada.
— Sky, sou eu, P’Pai, P’Rahu.
O homem mais novo sentou na beirada da cama para conversar num tom reconfortante, mas assim que o tocou, o garoto que estava preso num pesadelo se assustou e tentou fugir enquanto dormia.
— Não, por favor… não faça isso. Me solte… Me solte… Eu… não quero… por favor.”
Isso era outro gemido reprimido?
Quanto mais ele vê, mais doloroso fica.
Prapai hesitou um pouco.
[Abraça]
— Ei, não… me solte, por favor, me solte… me deixe ir, me deixe ir embora, não, por favor… me solte.
O jovem decidiu colocar o enferno em seus braços, mas isso fez com que Sky colocasse toda a sua força para resistir a ele. Suas mãos indefesas tentavam empurrar e afastar, ele soltou um gemido desconfortável e torturante, sua respiração ofegante estava mais alta, então Pai o abraçou mais forte. Seu rosto, que sempre tinha um sorriso, agora estava cheio de tristeza.
— Aqui é Phi, Nong Sky, Eu sou o P’Pai, sou eu, meu querido bom garoto.
— Me solta, me solta, me solta… me solta, me solta.
— Não, eu nunca irei te soltar.
Ele não sabia se no pesadelo de Sky tinha o rosto dele, mas as suas mãos apertaram ainda mais o corpo dele. Ele insiste que não vai deixar o garoto sofrer sozinho!
— Relaxe, eu prometo que não vou fazer nada com você. Se acalme, bom garoto.
Prapai não acreditava que chegaria um dia em que ele iria abraçar, consolar ou tentar dar carinho a alguém sem nenhuma relação afetiva com ele. O garoto que sempre o dava olhares frios agora parecia tão patético que ele não conseguia deixá-lo sozinho.
O jovem não sabia com o que Sky estava sonhando, mas seu estado atual demonstrava que a pessoa que ele considerava tão forte é na verdade bem frágil. Então a sua voz grave continuou sussurrando para ele:
— Eu estou aqui. Eu ainda estou do seu lado. Ninguém pode te machucar, Sky.
Uma mão abraçava a sua cintura e a outra cariciava gentilmente seu cabelo úmido. Às vezes ele dava um beijo na sua testa, depois no meio das suas sobrancelhas, em seguida em suas bochechas claras, sem qualquer indício de que o soltaria.
Não importa o quanto Sky resistisse ou tentasse se afastar em seus sonhos, levou um bom tempo para que a pessoa que estava tendo pesadelos conseguisse se acalmar novamente.
— Relaxe, bom garoto.
Apesar do bom garoto deitar sobre seu peitoral com uma expressão melhor no rosto, Prapai ainda não estava convencido, então ele continuou acariciando as suas costas gentilmente, sussurrando para confortá-lo com palavras de validação por um longo tempo. Até que ouviu uma respiração ritmada, o que significava que Sky tinha caído num sono profundo de novo. Então colocou-o com delicadeza para deitar sobre o colchão macio.
Mas aquele que parecia estar dormindo levantou a mão para agarrar novamente a sua camisa, franzindo a testa como se não quisesse que seu calor e conforto desaparecessem.
— Eu estou aqui. Eu não vou a lugar nenhum.
Conforme ele sussurrava para o garoto, o aperto começou a afrouxar. Mas Prapai não estava com pressa para arrumar as coisas que ele havia comprado. Ele ficou imóvel ao lado de Sky, enquanto encarava o seu rosto vermelho. Seus olhos confusos se transformaram em olhos em chamas. Ele não sabia com quem Sky estava sonhando, mas ele queria ser a pessoa que se livraria de tudo isso!
— O que aconteceu com você?
Agora o homem alto está se perguntando se esse pesadelo não teria relação com a forma com que Sky continua afastando-o, tentando construir uma parede contra ele. O que Sky fez? Por que esse garoto parecia tão familiar com as coisas na cama? O jovem estava se questionando sobre tudo. Ele queria saber de todos os detalhes conforme o incômodo no seu peito ia aumentando.
— Me diga.
Ele sabe que seria impossível Sky contar pra ele o que aconteceu, mas ainda assim queria ouvir tudo pela boca dele.
— Oh, o que está acontecendo? Bisbilhotar sobre o passado dos outros não é a minha praia.
Não algo característico dele, mas se isso pudesse fazer com que ele conhecesse mais a fundo sobre aquela pessoa que estava dormindo no seu peito, então ele estava disposto a mudar.
Prapai ainda está deitado na cama, observando as expressões de Sky.
Quando Sky franze a testa, ele acaricia suavemente as suas sobrancelhas e o observa até ter a certeza de que a expresão desapareceu, e isso se repete por horas. Embora Pai esteja relutante em sair do seu lado, ele desistiu da ideia quando sentiu o seu estômago roncando, também lembrou que precisava colocar o mingau dentro da geladeira.
Quando o homem mais velho levantou da cama, seus olhos afiados ainda estavam focados na pele macia dele, quanto mais ele o observava, mais atraído ele se sentia.
Quando terminou de comer o arroz, ele limpou tudo, depois foi escovar os dentes na velocidade da luz, então voltou para a mesma posição… ser o travesseiro de Sky.
— Oh.
Prapai ouviu um leve gemido e já estava acostumado com o som, mas não percebeu que os olhos brilhantes estavam começando a se mover lentamente.
— Quem é você?
O garoto perguntou com voz rouca, empurrando-o com as mãos, até que o jovem se inclinou na sua direção.
— É o P’Pai.
Pai aproximou carinhosamente a ponta do seu nariz, pensando que Sky ainda estava sonhando como antes, mas…
— P’Pai… P’Rahu?
O familiar apelido saiu daqueles lábios rachados, fazendo com que os olhos de Pai se arregalassem. Ele ficou ainda mais surpreso quando o paciente, que sabia quem ele era, se moveu para deitar no seu peitoral e reencontrou seu ângulo confortável, enfiando seu rosto na nuca dele, até que ele parou de se mover quando suas mãos agarraram a camisa de Prapai.
— Estou congelando.
[Abraça]
Quando o garoto disse que estava congelando, Prapai o abraçou apertado e cobriu o corpo todo dele com o cobertor. Ele não se importava, nem que para isso tivesse que morrer de calor.
E agora está ficando quente!
Prapai pensou que essa era a única coisa que tornava a situação ruim, mas aparentemente não tanto quanto o próximo murmúrio:
— Não me solte… Me segure.
“Tão fofo!”
E mais uma vez o coração de Prapai acelerou.
Quem poderia imaginar que quando um garoto frio implorava desse jeito, até um cara como ele poderia se derreter igual a um gelo?
Não é só sobre o quão gostoso ele era na cama. Não é só como seus olhos frios são agradáveis aos olhos. Mas até mesmo quando ele está frágil e vulnerável a sua súplica pode ser tão cativante ao ponto dele não conseguir tirar os olhos da pessoa que ele está abraçando!
Por que Prapai pensaria que esse garoto parecia normal? Que cara normal pediria para que ele deitasse na cama e o abraçasse sem pensar? Pai também está tão preocupado que ficou a noite toda acordado checando a sua temperatura. Quando ele acordou abraçou sua cintura com tanta força que Prapai teve que deitar na cama para agir como o seu travesseiro. Isso é demais para suportar.
— Isso é demais.
Sim, ele gosta desse tipo de atitude astuta, e ainda mais quando ele o ouve murmurar:
— P’Rahu.
Nesse momento, mesmo que ele fosse chamado de gigante negro, ele iria concordar de bom grado.
***
Nota: Ai’ é utilizado antes do nome para falar com amigos íntimos.