Cachorro Na Gaiola - Novel - Capítulo 7 - Zona de Crime
Heeyeon leu as instruções na embalagem esperando a água ferver. Ela dizia para adicionar o tempero em pó, despejar água fervente até a linha e esperar 3 minutos.
Era incrível que um dos alimentos que nunca pode comer estivesse em sua mão. Estava curioso porque era uma comida que Yootae e seus funcionários às vezes comiam, mas Heeyeon nunca pediu por isso. Porque sabia muito bem que não seria permitido por motivos de saúde.
— O que você está olhando?
Heeyeon se voltou para a voz. Quando Yeon se aproximou, era possível sentir o cheiro de cigarro amargo. Ele torceu o nariz ligeiramente com um cheiro estranho. Foi um ato inconsciente de curiosidade, em vez de desagradável.
De repente, Heeyeon percebeu que nunca havia sentido os feromônios de Yeon. Ele brincou com um copo de macarrão e olhou para o homem parado ao seu lado.
Yeon não evitou os olhos de Heeyeon. Em vez disso, apenas olhou para o ômega, inclinando-se de lado e retribuindo o olhar. Se fosse outra pessoa, teria virado a cabeça envergonhado com o olhar persistente, mas Heeyeon não conhecia tais sentimentos.
— Acho que a água está fervendo, Heeyeon-ah.
— Oh.
Heeyeon, que estava se perguntando seriamente por que não sentia o cheiro de feromônios, rapidamente se virou. Um vapor saiu da panela com o som de água fervendo.
Ele despejou a água com cuidado. Teve que trabalhar muito para acertar a linha. Foi sua primeira vez usando uma panela e cozinhando alimentos.
Como se tentasse gravar a experiência recém-aprendida em sua cabeça, Heeyeon piscou algumas vezes, abriu a tampa e mexeu o ramen que começou a cozinhar.
Enquanto suprimia o desejo de fumar, Yeon assistia o ômega sentado em sua frente.
Na verdade, odiava o cheiro de ramen. Odiava todos os tipos de processados vendidos em lojas de conveniência.
Claro, houve um tempo em que Yeon também gostava desse tipo de comida. Quando foi vendido pela primeira vez fora das mãos de Jeong.
Ramen era como um novo mundo para um homem que cresceu sem comida. No entanto, por mais deliciosa que seja a comida, não pode deixar de ficar enjoado se a comer todos os dias.
Yeon, que estava no mercado há quase dois anos desde que foi vendido pela primeira vez, não conseguiu “valorizar o dinheiro”. O dinheiro que cabia a ele era pequeno e tudo o que podia comprar era ramen barato e kimbap triangular. Ele estava enjoado do cheiro, mas não havia outra opção.
Depois de algum dinheiro, o homem não procurou comida na loja de conveniência.
‘Será que por ter comido muito em fast food afetou meu apetite?’ Ele riu de si mesmo.
Literalmente, era um estado de plenitude. Ao contrário de quando ele não tinha nada, agora o dinheiro era abundante e ninguém podia ameaçá-lo.
Talvez seja por isso que, em algum momento, o homem se sentiu entediado. Talvez seja por isso que a vida é tão entediante.
Yeon não quer mais nada.
Não tem nada a desejar.
— Coff Coff…
O ômega, que estava sentado em sua frente, tossiu. Com aquela pequena comoção, Yeon escapou de seus pensamentos. Quando olhou para seu rosto branco, suas bochechas estavam vermelhas. Os cantos de seus olhos estavam úmidos, como se as lágrimas estivessem brotando.
Vendo isso, o homem sorriu e soltou um som farfalhante. Yeon disse a ele para não ser fofo, mas esse estava agindo fofo novamente.
— Heeyeon-ah.
— Coff, o quê?
— É picante?
— Sim.
Na tampa do copo de macarrão, dizia sabor suave. Vendo agora, ele nem comeu a metade daquele copo.
— Que infantil.
Yeon murmurou, removendo o papel de embrulho do kimbap triangular que ele comprou com ramen. Os olhos de Heeyeon estavam nas mãos do homem. Heeyeon esperava que fosse beber água, mas kimbap também cairia bem. Ele tinha certeza que de alguma maneira Yeon o ajudaria.
— Obrigado.
Heeyeon deu uma mordida no kimbap triangular que Yeon abriu. Talvez tenha pensado que como era grande, Heeyeon teria que morder umas dez vezes para conseguir comer todo o kimbap.
— Gostoso?
— Sim.
Enquanto estava olhando para as bochechas enrugadas de Heeyeon por um tempo, seu telefone tocou. Era Chulwoo.
— Sim.
— CEO. Encontrei a localização das mercadorias. Como disse a presidente Nam, parece certo estar vinculado a Incheon.
As mercadorias que Chulwoo estava falando eram armas que deveriam estar em um contêiner em vez de Heeyeon. Foi também um item que a presidente Nam decidiu lavar. Quando estava na empresa, foi instruído a verificar os itens, mas parece que eles acabaram de fazer isso.
Já se passou muito tempo desde que fizeram um acordo com a Sra. Nam, mas não foi estúpido o suficiente para confiar nela completamente. Cresceram na mesma casa e compartilharam o mesmo barco, mas Yeon não era do tipo que confia nos outros facilmente.
— Tem certeza?
Com uma voz calma porém firme ele perguntou a Chulwoo.
— Acho que você disse que certas coisas não são confiáveis, secretário Chulwoo.
Devido a voz baixa, Heeyeon olhou para a expressão de Yeon. Era um tom amigável e uma voz calma, mas não era difícil ler o desconforto que estava por trás disso.
— Desculpa. Vamos verificar novamente.
— Verifique corretamente.
— Sim, senhor.
Yeon ficaria com as mercadorias da Sérvia. Era muito importante para ele.
— Será difícil se as coisas derem errado desta vez.
— Gostaria de se encontrar com a Sra. Nam? Devo agendar?
— Não. Espere até ela entrar em contato. O contato deve partir dela e não de mim.
— Tudo bem.
Ele não tinha intenção de se encontrar com a presidente agora. Se tivesse que encontrá-la, teria ouvido muitas reclamações sobre como ele lidaria com o presidente Jeong. Antes de mais nada, era preciso receber a mercadoria de maneira adequada.
— Entraram em contato comigo lá.
Com as palavras de Chulwoo, os olhos de Yeon se voltaram para Heeyeon.
Antes que percebesse, comeu todo o ramen e estava rasgando uma embalagem azul celeste. Quando percebeu que aquela criança estava comendo, puxou os cantos da boca para cima. Sempre deixou claro que não gostava, mas parecia incômodo continuar chamando ele de criança.
Heeyeon colocou o doce de volta no balcão somente depois de ouvir de um temporizador que costuma usar enquanto cozinha. Então trouxe um ramen, kimbap triangular e um lanche.
Yeon se concentrou na ligação, deixando Heeyeon para fazer um lanche. Não era tão difícil adivinhar o que Chulwoo queria dizer. Ele tinha pensado em usar Heeyeon também. Assim como o próprio Yeon.
— O que você disse?
— O CEO está fora do escritório, por isso é difícil responder agora.
— Bom trabalho.
Yeon costumava deixar as pessoas esperando. Era uma de suas maneiras de fazer negócios e obrigar a outra parte a tomar a iniciativa.
— Com licença, CEO.
— Sim.
— Aconteceu alguma coisa?
— Por quê? Acha que eu fiz alguma coisa?
— ah, não.
Chulwoo ficou surpreso com o tom leve e negou.
— Não estou desesperado o suficiente para tocar em uma criança, secretário kim.
— O quê? Não…
Se ele não reagisse de forma exagerada, Yeon zombaria dele, mas Chulwoo costumava reagir assim todas as vezes.
— Entendido.
— Depois, passe aqui a caminho de casa.
Chulwoo não desligou. Parecia estar esperando Yeon desligar primeiro. O homem que estava prestes a desligar o telefone olhou para Heeyeon como se algo tivesse vindo à sua mente. Os cantos da boca do homem se curvaram suavemente com alegria.
— Compra pra mim um hambúrguer quando vier.
— O quê?
A resposta de Chulwoo saiu um pouco tarde, talvez porque tenha achado que ouviu errado. Foi ao mesmo tempo que os olhos de Heeyeon se abriram. Yeon sorriu ao encontrar curiosidade em seu rosto. Não houve grande mudança na expressão facial, mas ele parecia estar curioso.
— Hambúrguer, é isso? É de comer? Você gosta?
— É de comer e não, eu não gosto.
— Mas por que…
— Porque só crianças gostam.
Heeyeon se sntou na sala de estar e observou o chão sob seus pés, mas notou Chulwoo entrando e se levantou.
Ao contrário dele, que estava andando casualmente, Chulwoo hesitou e parou seus passos. Foi porque ele ficou com medo de sentir o feromônio do ômega. No entanto, para seu espanto, não havia nenhum cheiro vindo de Heeyeon. Em meio a uma mente confusa, Chulwoo franziu a testa sem perceber.
— Olá.
No entanto, como se não importasse com a reação de Chulwoo, Heeyeon acenou com a cabeça e se curvou.
— Uh…
Chulwoo hesitou, sem saber como reagir.
— Você precisa retribuir e dizer olá. O secretário Kim não tem boas maneiras.
— Ah, senhor.
Yeon apareceu de repente, pegou a sacola de papel que estava nas mãos de Chulwoo e verificou o conteúdo. Ele entregou a sacola de papel inteira para Heeyeon, que veio para o seu lado.
— Coma.
— Você gostaria de comer um pouco, CEO?
Heeyeon novamente fez a pergunta que ele já havia feito antes. Não foram palavras vazias, foi uma pergunta sincera.
Parecia que a ideia de compartilhar comida estava enraizada naquela cabeça redonda. Era inimaginável para um homem dessa idade.
Por volta dos dezenove anos, Yeon começou a receber bastante dinheiro. Isso significava que ele estava começando a ganhar dinheiro suficiente para não ter que comer comida de loja de conveniência. Mas nunca imaginou em compartilhar comida com ninguém. Para ele, a comida era apenas um investimento para a sobrevivência.
O ambiente em que ele cresceu e o ambiente em que Heeyeon cresceu eram semelhantes mas também diferentes. Pelo menos, Heeyeon não levou uma vida de fome. No entanto, Yeon concluiu que a pergunta ingênua de Heeyeon era devido à sua boa natureza. Ao contrário dele, ele deve ter nascido com uma natureza dócil e gentil.
— Coma tudo, Heeyeon.
Com as palavras amigáveis, Heeyeon olhou para o saco de papel marrom em sua mão. O conteúdo ainda estava quente.
— Secretário Kim. Gostaria de comer comigo?
Chulwoo, que não sabia que seria chamado de repente, acenou com a mão e recusou. Por fim, Heeyeon se sentou à mesa e começou a tirar o que estava no saco de papel. Um hambúrguer ainda quente, batatas fritas e coca-cola com gelo foram colocados um após o outro.
— Secretário Kim, não faz sentido.
— O quê?
— Por que comprou um tão grande?
O hambúrguer na mão de Heeyeon parecia grande demais. Pode ser porque a mão da pessoa que segura é pequena, mas aquilo era um tanto quanto exagerado. Porém Heeyeon estava fascinado com tudo.
— Comprei porque era o hambúrguer artesanal mais popular…
Chulwoo olhou para Yeon. Veio para o caso de ter acontecido algo, mas felizmente não aconteceu nada. No entanto, o fato de não ter acontecido nada era o que o preocupava.
Era difícil interpretar a intenção de seu chefe de trazer o neto do presidente Jeong para sua casa. Um ômega, além de ser um dominante, era um ômega com problemas de controle de feromônios. Além disso, o próprio Chulwoo até comprou um hambúrguer pra ele.
No entanto, para sua preocupação, Yeon estava olhando para Heeyeon com um olhar misterioso em seu rosto. Em uma súbita mudança em sua face séria, soltou um sorriso como se algo fosse engraçado.
— CEO.
— Sim.
Ao responder ao chamado de Chulwoo, Yeon observou Heeyeon.
O ômega apertou o nariz depois de beber coca. Era possível ver a coca subindo pelo canudo mordido entre seus lábios para ver se tinha um gosto bom, em sua face havia uma expressão séria. Depois de alguns goles de refrigerante, Heeyeon agora parecia estar pensando em como comer um hambúrguer tão grande. Logo os pequenos lábios se abriram lentamente. Ele deu uma mordida, mas tudo o que conseguiu era um pouco de pão.
A boca de Yeon, que estava assistindo a isso, soltou em um sorriso frouxo. Achou melhor cortar com uma faca o hambúrguer e assim poder alimentá-lo.
— Você vai trabalhar amanhã?
— Não.
Yeon se levantou de sua cadeira e respondeu cheio de certeza. Chulwoo seguiu ele, que se aproximou de Heeyeon e disse que tinha algo a resolver com o secretário.
— O senhor não deveria ficar ausente nesta época do ano.
— Eu sei. Tenho um trabalho a fazer, então deixe passar alguns dias.
— Trabalho a fazer?
Os olhos de Heeyeon se voltaram para Yeon, talvez percebendo um sinal se aproximando. A área ao redor de seus lábios estava limpa, considerando que ele comeu um hambúrguer grande. Yeon sorriu de lado, olhando para seu rosto.
— Deveria mostrar meu rosto com Heeyeon para espalhar boatos, não é mesmo?
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LILITH TRADUZ (@lilithtraduz) (Doado pela Ah-Ri Novel’s 1 ao 51 )