Cachorro Na Gaiola - Novel - Capítulo 19 - Zona de Crime
Yeon ficou até Heeyeon escovar os dentes e sair para o quarto.
O cheiro do feromônio fraco de outro alfa que sentiu assim que abriu a porta o ofendeu. Sem mencionar os sapatos desconhecidos. Ele imediatamente percebeu que era Soohyun, mas o desprazer não foi embora só porque ele conhecia a alfa.
Yeon mexeu no cabelo e ergueu sua sobrancelha grossa. Veias azuis surgiram nas costas da mão cobertas por pelos. Parecia representar seu humor, que se tornou tão desconfortável quanto seu queixo tenso.
— Sigh…
Não foi tão fácil como pensou, acalmar o espírito feroz. Yeon respirou fundo silenciosamente. De alguma forma, esconderia sua expressão até Heeyeon sair do banheiro.
— CEO.
Felizmente, quando Heeyeon saiu, foi capaz de esconder suas expressões faciais.
— Você acabou de escovar os dentes?
— Sim, eu lavei meu rosto também.
Yeon tocou sua testa. Talvez por causa do remédio ou da lavagem do rosto, sua febre moderada diminuiu mais do que de manhã.
— Jiwon me contou tudo. Disse que era um problema de feromônio.
— Ele disse que o inibidor não estava mais sendo suficiente.
— Porque eu não posso simplesmente continuar tomando o inibidor…? Agora você vai ter que contratar alguém para me ensinar a lidar com feromônios.
A mão do homem tocou levemente sua bochecha e então recuou. Heeyeon achou que era uma pena que a mão que se movia estivesse longe, então chamou Yeon.
— CEO.
— Sim, Heeyeon-ah.
— Uma pessoa chamada Haejin… o que vocês são?
Heeyeon perguntou sem hesitação. Yeon disse para perguntar se tinha dúvida sobre alguma coisa, então achou que não haveria problema em perguntar sobre uma pessoa chamada Haejin.
— Você entendeu minha pergunta?
— Sim.
Yeon riu do nome repentino que saiu dos lábios de Heeyeon.
— Por que? Talvez seja meu ômega?
Foi uma piada leve, mas Heeyeon abriu os lábios como uma pessoa chocada. Uma língua vermelha brilhante foi exposta entre os dentes brancos. Os olhos do alfa se estreitaram em um instante. Heeyeon sussurrou suavemente em um tom cheio de cautela, sem saber o que Yeon estava pensando.
— Eu quero continuar morando com o CEO… e se ele não gostar?
Yeon engoliu o impulso enquanto olhava para a nuca exposta através da gola. Ele estava irritado porque outro alfa havia invadido seu território.
— Ele não é meu ômega, e não gosta de mim.
— Se ele não gosta do… CEO. Você gosta dele?
O que então? Odiava a ideia de que Yeon gostasse de outro ômega. Heeyeon, que estava sério, estreitou a testa e perguntou sério.
— Por que? Está preocupado que eu goste dele?
— Eu não sei.
— Me fala o que está te preocupando.
Yeon sorriu suavemente e insistiu. Heeyeon mordeu a pele macia de sua boca e verificou seu estado emocional. Achava que Yeon gostava de estar morando juntos sozinhos, mas agora já não tinha certeza. Parecia ser um sentimento semelhante ao de preocupação, então ele obedeceu às palavras de Yeon.
— Estou preocupado.
— Eu não gosto disso.
— Hm.
Heeyeon acenou com a cabeça imediatamente em vez de perguntar se isso era verdade. A resposta breve foi duvidosa, mas foi uma afirmação ingênua. A princípio, parecia que não havia nenhum pensamento em sua mente de que suspeitava de Yeon.
Yeon desfrutou da confiança nele e varreu o cabelo de Heeyeon com as mãos.
— Talvez posso mudar meu remédio e me sentir melhor.
O homem que tirou a mão disse, batendo na cama.
— Deita aqui e durma.
Heeyeon foi para a cama em silêncio. Não parecia que ele conseguiria dormir já que dormiu o dia inteiro, mas quando Yeon disse para dormir, parecia que ele de fato deveria dormir.
— CEO.
— Huh.
— Não brigue com a presidente Nam.
Quando a atmosfera nítida de um tempo atrás veio à mente decidiu fazer esse pedido, Yeon levantou uma sobrancelha. Ele parecia não gostar de algo.
— Heeyeon-ah.
— Hm.
— Não chame outro alfa pelo nome.
Heeyeon já chamava os nomes de Jiwon e Chulwoo, e agora Yeon diz a ele para não chamar outros alfas pelo nome. Então Heeyeon deve chamar apenas Yeon pelo nome? No entanto, Heeyeon ainda não sabia o seu nome.
— Apenas a chame de presidente.
Heeyeon acenou com a cabeça, pensando que deveria perguntar o nome dele mais tarde.
— Não se preocupe, não vamos brigar.
Uma grande mão acariciou suavemente sua bochecha direita.
***
Yeon surgiu na sala e agiu como se ignorasse Soohyun. Ela estava sentada no sofá, mas também não falou com ele primeiro. Um silêncio tenso ia e voltava entre os dois alfa. Todos os sons ocasionais eram o barulho da limpeza da tigela.
— Você pensou em alguma desculpa?
— Não é você quem tem que pensar? É definitivamente um erro o que está acontecendo aqui. Não quero saber de desculpa esfarrapada.
Enquanto dizia isso, Soohyun parecia muito desconfortável. Yeon tirou copos e bebidas de alta qualidade sem qualquer expressão. Quando ambos conversavam sobre negócios, geralmente bebiam, mas isso não é uma conversa sobre negócios.
— Já faz um tempo que não conversamos sobre negócios, presidente Nam. Talvez os negócios não estejam indo bem.
— Não seja sarcástico. Tenho andado por aí tentando descobrir sobre o presidente Jeong. Oh, a propósito, eu não tenho um pênis.
A mulher com o cotovelo levantado se inclinou sobre a cabeça e fez uma piada que Yeon odiava. Com certeza, havia uma rachadura irritante no rosto do homem.
— Pare de falar idiotices.
Yeon respondeu à piada de Soohyun colocando licor, balde de gelo e copos, um por um. Com o silêncio, um líquido escuro amarelo rolou em um vidro transparente.
O homem que encheu o copo à sua frente e colocou a bebida na mesa como estava. Era uma atitude atrevida que não mostrava nenhuma consideração pela outra pessoa. No entanto, Soohyun deu de ombros levemente como se estivesse familiarizada com ele e encheu seu próprio copo. O balde de gelo estava cheio, mas ninguém tocou nele.
— Heeyeon, está dormindo?
— Hm, por isso está quieto.
Soohyun derramou licor não diluído em seus lábios. Um gosto pungente penetrou sua garganta como se estivesse queimando seu esôfago. O gosto era semelhante ao de seu humor.
— Não tente preencher sua deficiência com Heeyeon.
Yeon sorriu obliquamente com o conselho repentino.
— Deficiência?
Ele balançou o copo em sua mão superficialmente. O cristal brilhava ao se refletir na luz.
— Você sente o mesmo que ele.
Igualdade. Yeon se recostou no sofá, refletindo sobre a palavra. O homem que cruzou as pernas em posição arrogante mexeu a do pé.
— Bem, eu não acho que esteja errada.
— Tenha cuidado. O que há de bom em ter o mesmo pensamento?
Soohyun gostou pessoalmente de Yeon. Havia um denominador comum claro entre os dois, e ela esperava sinceramente que o homem à sua frente vivesse bem. Não é algo para se perder no tédio como agora. Ela não podia julgar se a existência de Heeyeon beneficiaria ou prejudicaria Yeon. Portanto, não tem escolha a não ser dar conselhos.
— Você acha que eu sou o único que está fazendo isso?
— O quê?
Yeon inclinou a cabeça. O homem sentado e inclinado abriu lentamente os lábios.
— Os alfas que trabalham na Zhīu. Estamos em uma situação parecida, você sabe disso, não é presidente Nam?
— Todos somos cachorros de briga vendidos por aquele filho da puta.
— Talvez nem você e nem eles saibam o motivo dessa atitude, mas eles acabaram se rendendo a Heeyeon.
O olhar de Yeon se voltou para a árvore de natal em um lado da sala de estar. Com as lâmpadas apagadas, a árvore derreteu no escuro. Era um objeto que só brilhava fortemente quando Heeyeon o tocava.
— Você vê seu passado em Heeyeon.
— Ele estava na mesma situação que a gente? De qualquer forma, ele é neto do presidente Jeong. Não vá em frente com isso.
— Ele deve ter estado na mesma situação que os ômegas ao invés da gente. Como Haejin.
Yeon levantou levemente o braço. Um líquido dourado fluía lentamente entre os lábios abertos do alfa. Embora o licor forte queimasse seu esôfago como fogo, a expressão do homem não mudou.
— Não sei o que há de errado em cobrir essa deficiência por meio de Heeyeon.
— Isso compensa?
— Eu não sei.
O gelo no balde se estilhaçou com um som de chocalho.
— Também estou curioso.
Na voz lenta de Yeon, Soohyun ficou em silêncio por um momento, se lembrou do ômega com um rosto inofensivo. Ela esvaziou o copo completamente e voltou a encher com o líquido âmbar. O licor forte descia constantemente para o vidro transparente.
— Então, como vai lidar com o presidente Jeong?
— Não faço ideia, presidente Nam.
Yeon se inclinou para Soohyun.
— Meus itens vêm primeiro que isso, não é?
Ela mordeu o lábio no momento em que Yeon definiu o rumo da conversa.
— Você não falou comigo por três semanas… onde você estava?
— Huff, foda-se.
Soohyun cuspiu xingamentos e sem notar escovou o cabelo com os dedos. Seu longo cabelo deslizou suavemente entre seus dedos ásperos.
— Desculpa, erro meu. O dinheiro…
— Não me interessa quem você vai molhar as mãos. Tudo que eu preciso são os itens, não o dinheiro. (N/T: Molhar no sentido de pagar propina.)
— OK. Vou encontrar em breve. Se você estiver com pressa, coloque alguém dá Zhīu para ajudar também.
Soohyun deu um passo para trás. Era assustador para os alfas de outras empresas se envolverem em seus negócios, mas foi ela quem cometeu o erro, então foi certo recuar.
— Você tem que fazer o seu negócio direito, presidente Nam. Quanto mais tenho que pagar?
Yeon engoliu lentamente a bebida e perguntou. O pescoço do homem se movia regularmente. Quando colocaram o copo vazio na mesa, o cristal colidiu com a mesa de vidro, criando uma ressonância desagradável.
— Só preciso saber o que aconteceu.
Ele puxou um cigarro com uma cara entediada.
— O contêiner foi substituído. O conteúdo interno é o mesmo, armas e drones.
— Parece que as mercadorias são iguais, mas o código é diferente.
Cada arma M88A que foi substituída tinha seu próprio código de identificação gravado nela. O que Yeon precisava não era um simples modelo M88A, mas uma arma com códigos específicos. Mesmo que fosse a mesma linha, a menos que fosse um modelo gravado com um código específico, não passava de uma arma inútil.
— O que aconteceu?
— Foi eliminado, apenas por segurança.
— Bom que você resolveu as coisas do seu lado junto com o pessoal da Seon-Ha.
O homem que estava mexendo no isqueiro girou lentamente a pederneira. As chamas cresceram ao longo da mão preguiçosa. Yeon baixou a cabeça e acendeu um cigarro. Seu rosto avermelhado estava firme como sempre.
— Ouvi dizer que se encontrou com o diretor Kang.
Sooyun falou. Claro que ela saberia sobre o encontro com Kang Seo. Porque ela era uma mulher com muitos contatos. Deve ter sido ela quem vazou para Seo o fato de que o ômega que o próprio Yeon usava era Heeyeon.
— Ele fez uma oferta tentadora.
— Que oferta?
— Fazer o lobby das armas embaixo do navio. Vou fazer isso por você, só desta vez.
— Sério? Essa perda não seria significativa. Claro, o CEO Yeon vai se beneficiar muito.
Yeon encolheu os ombros levemente e exalou a fumaça do cigarro. A fumaça se dissipou lentamente após seu silêncio.
— Você sabia que o sucessor do Grupo Seon-Ha decidiu comprar Heeyeon?
— Como assim? Eu já havia te falado.
— Ah, foi?
Com a resposta calma do homem, Soohyun soltou uma risada como se fosse ridículo, então bateu em seu peito.
— Então, você não prestou atenção no que eu disse?
Yeon limpou o cinzeiro e as cinzas do cigarro e perguntou apenas sobre seu negócio.
— E o local?
— O local onde o presidente Jeong vai ficar preso?
Soohyun girou o copo e perguntou como se estivesse confirmando a pergunta. O líquido puro, sem nada misturado, sacudiu descontroladamente ao longo de suas mãos.
— Sim.
— Eu comprei o lugar.
— No nome de outro, imagino.
Soohyun apenas moveu os lábios em vez de emitir voz. Os olhos da mulher estavam cheios de diversão. Yeon riu de sua loucura.
— É divertido.
— Você não está curioso sobre o rosto do presidente Jeong? Não consigo dormir porque já estou ansiosa por isso.
Soohyun balançou a perna cruzada com entusiasmo. Levando um copo de cristal aos lábios, ela agiu como se estivesse jogando levemente antes de deixar a bebida ir.
— CEO Yeon, ouvi dizer que foi para Adelaide com Heeyeon.
— Acho que vender meu rosto é eficaz.
— Você está levando um ômega no natal, não em qualquer outro dia. Você foi lá de propósito, certo?
O restaurante onde ele foi com Heeyeon era um restaurante chamado Adelaide. O local, que é amplamente utilizado como local de encontro, não era acessível, exceto para alfas e ômegas. Ontem estava decorado como um restaurante comum para o Natal, mas a sua função original era um pouco diferente.
Yeon geralmente o avaliou como “um lugar onde bestas raivosas se encontram em segurança para lançar suas iscas”. Era um lugar adequado para classes superiores semelhantes encontrarem seus oponentes sem se preocupar. Era um lugar tão secreto, e ainda assim rumores circularam tão rápido sobre eles.
— Pegue Lee Yootae.
— Já?
— Acho que foi você, presidente Nam, quem quis negociar com o presidente Jeong primeiramente.
— Não importa mais, há alguma razão para tocar em Yootae agora?
Yeon se lembrou dos hematomas deixados na pele branca de Heeyeon. Yootae, o mordomo, era o único que poderia machucar o pequeno ômega.
O beta era uma figura importante em seus planos. Ele também saberia a identidade da injeção que Heeyeon tomava uma vez a cada dois meses.
— Eu tenho algo para resolver com ele pessoalmente.
— O fato de que, se Yootae for pego, isso significa que Heeyeon foi levado, e é apenas uma questão de tempo antes que chegue aos ouvidos do presidente Jeong. Você sabe, certo?
O presidente Jeong havia se mudado da China para um terceiro país há algumas semanas. Seu neto logo teria 20 anos, então ele parecia estar se preparando para entrar na Coréia.
Yootae contribuiu muito para a ignorância do velho astuto sobre a ausência de Heeyeon. O mordomo, que está no comando de Heeyeon há 15 anos, envia vídeos de câmeras de vigilância todas as semanas, então como ele pode não acreditar? Claro, todos os vídeos foram gravados antes, mas o presidente Jeong não sabia disso.
— Vou fazer ele rastejar para a Coréia. Presidente Nam, sabe que o presidente Jeong se mudou de casa, certo? Não é como se você não soubesse, e tivesse fechado os olhos de propósito… se ele estivesse planejando se arrastar até aqui, teria feito antes de ir para a China
Yeon continuou a falar, despejando cinzas de cigarro na metade da bebida restante.
— Então.
— E?
— A princípio seria uma gaiola flutuante…
— …
— É mais eficaz no inverno. Você não acha, presidente Nam?
Soohyun inclinou o copo sem responder. Uma veia escura surgiu nas costas de sua mão segurando o copo.
— Preciso entrar em contato com Haejin.
— Por causa do seu feromônio?
— Não posso simplesmente continuar usando inibidores, posso?
Yeon se lembrou da conversa que teve com Jiwon esta tarde. Se continuar assim, Heeyeon entrará no cio ou explodirá o rut de Yeon. Estava confiante de que seu rut passaria sem problemas, mas se Heeyeon não tivesse sucesso, bem, nem mesmo Yeon poderia garantir o sucesso do ômega dominante.
— O que fará com ele quando o trabalho terminar?
— Não sei por que todo mundo está tão interessado nessa criança.
— Você está cansado desses interesses repentinos, não é?
— Eu não me importo, presidente Nam.
Yeon levantou de seu assento, jogando um cigarro no vidro de cristal. Já que Heeyeon estava em casa, parecia que ele precisava ventilar o ar da casa.
— Eu vou cuidar disso.
Era uma ordem de retirada.
— Você está me expulsando? Você vai cuidar do Yootae e Haejin?
— Você tem que se mover agora para pegar minhas coisas, certo?
Não tendo nada a dizer, Soohyun mordeu o lábio. Mesmo assim, não esqueceu de se queixar com Yeon.
— Quem quer que veja, iria pensar que o ômega está mantendo o alfa sob controle.
— Não importa o que você pensa.
Soohyun colocou o casaco para se preparar para sair. Ela também não queria ficar na casa de Yeon por muito tempo. O feromônio dele não foi sentido, mas quando se está na casa de outro alfa, ela não tinha escolha a não ser sentir rejeição instintiva.
Tentou sair sem dizer tchau, mas viu Heeyeon, que entrou na sala.
— Ah… já está indo embora?
Yeon, que estava prestes a entrar no quarto, se virou assim que encontrou Heeyeon. Então, ele se aproximou de Soohyun. Ela percebe facilmente que Yeon a mantinha sob controle. Era a noção instintiva de alfa.
— Você está acordado?
Yeon ignorou Soohyun que estava prestes a sair, e com uma voz doce se virou para Heeyeon, ignorando-a claramente como se ele não se importasse.
— Sim. Estou com sede.
Talvez porque acabou de acordar, Heeyeon murmurou sonolento.
— Soohyun, não, presidente Nam, adeus.
— Adeus, meu bem.
Soohyun cutucou Heeyeon na bochecha e disse adeus. Em vez de rejeitar o toque dela, Heeyeon assentiu baixinho. Yeon, que estava ao seu lado, removeu a mão dela. Na verdade, foi um movimento bastante severo, perto de ser agressivo em vez de educado.
— Presidente Nam, você tem hábitos ruins com as mãos.
Soohyun olhou para sua mão flutuando no ar e ergueu os cantos da boca. Yeon estava fazendo alvoroço. Tentou dizer algo, mas se calou e se virou. Estava claro que não importava o que ela dissesse, não funcionaria.
— Seja os itens ou a pessoa, vou encontrar rapidamente e entrar em contato com você.
— Gostaria que fosse ambos.
— Assim será.
Ela abriu a porta da frente e saiu.
— Adeus, garotinho fofo.
Não se esqueceu de piscar e acenar para Heeyeon. Mesmo sabendo que Soohyun estava agindo assim de propósito, Yeon franziu a testa.
— Adeus.
Na primeira despedida um tanto excessiva, Heeyeon ficou um pouco envergonhado e se curvou. Ele tinha um rosto que não era diferente do normal, mas parecia estar se perguntando por que Soohyun estava piscando para ele. Soohyun piscou mais uma vez, fechou a porta e desapareceu.
— Heeyeon-ah.
— Hm.
Yeon esfregou a bochecha de Heeyeon. Foi exatamente onde Soohyun tocou.
— Por que você não fez nada para impedir?
Heeyeon piscou como se não soubesse o que estava falando. Já que Yeon sempre cutuca sua bochecha, simplesmente pensou que era um gesto normal para alfas.
— Achei que era normal porque o CEO costuma fazer isso.
— Não deixe mais ninguém fazer isso.
— Tudo bem.
Talvez porque ele estava sonolento, o sorriso amigável de Yeon pareceu feroz. Em vez de expressar suas dúvidas, Heeyeon acenou com a cabeça calmamente.
***
Com o passar do tempo, pouco a pouco, Heeyeon teve um dia agitado à sua maneira.
Desembrulhou os presentes empilhados debaixo da árvore e, no dia seguinte, visitou as pessoas que deram presentes e agradeceu um a um. Embora estivesse em apuros por causa dos alfas que davam lanches toda vez que dizia olá, teve a sorte de poder guardar tudo por enquanto, graças a Jiwon que emprestou uma geladeira no escritório. A geladeira de Jiwon estava cheia de sobremesas como bolos, tortas e doces que Heeyeon havia recebido.
— Suspira…
Obviamente, tem andado ocupado, e não tem se sentido bem nos últimos dias.
— É porque o CEO está ocupado?
Heeyeon costumava tocar no globo de neve e murmurar. Yeon tem estado muito ocupado nos últimos dias. Normalmente, costumava ver seu rosto na empresa, mas agora, o tempo de deslocamento era tudo o que tinha. Passou pouco tempo, menos de uma semana, mas achou um pouco decepcionante.
Pelo menos saiu do trabalho mais cedo hoje. Graças à pergunta trivial que fez no elevador, parou na loja de departamentos depois de muito tempo.
— CEO, você vai comer sopa e bolo de arroz amanhã?
— Você quer comer?
— Eu? Eu nunca comi… não sei se eu quero comer isso.
— Você quer experimentar?
— Sim, mas o doutor Jiwon disse que deveríamos comer sopa com bolo de arroz no ano novo.
— Você está curioso?
— Sim.
Há algumas horas voltou do jantar. Quando se lavou e olhou pela janela nevada, já era quase meia-noite. Heeyeon olhou para o cenário nevado de Seul com a testa encostada em uma grande janela.
Na verdade, está mais próximo de perder tempo pensando em pequenas coisas do que de fato olhando para a neve.
— O que há de errado comigo…
Heeyeon murmurou, esfregando seu peito. Achava que era emocionalmente monótono, mas, ultimamente, parecia que seu coração estava batendo forte. A causa e o nome da emoção eram desconhecidos.
Olhando para o globo de neve por um momento, ele virou as costas e saiu. Se Yeon não estivesse na sala, simplesmente voltaria para o quarto.
Quando foi para a sala de estar e deu uma olhada, viu as costas de Yeon. Ele estava de pé no terraço conectado à sala de estar. A fumaça permeia o céu escuro onde não havia neve. Parecia pensativo.
— CEO.
Depois de pensar um pouco, Heeyeon abriu a porta e saiu para o terraço. Mesmo sabendo que estava sendo chamado sem um objetivo claro, Yeon virou a cabeça e olhou para Heeyeon.
— Sim, Heeyeon-ah.
Como sempre, a resposta para o chamado estava junto com seu nome de forma carinhosa.
Heeyeon, que estava tentando perguntar algo, não conseguiu dar mais nem um passo e parou perto da porta. Era porque ele estava completamente distraído pelo alfa em sua frente. O homem que se derreteu na escuridão sozinho parecia vazio em algum lugar.
‘Se você não tem nada que deseja, não é divertido viver.’
Se lembrou de uma conversa que tiveram há cerca de uma semana. ‘É porque o CEO não tem nada que deseja, que ele tem uma expressão tão fria?’
Em vez de se aproximar, Heeyeon apenas parou e olhou para ele. Yeon que estava fumando um cigarro franziu lentamente uma das sobrancelhas e o nariz.
— Vamos, fale.
Heeyeon se moveu como se estivesse possuído.
— …
Heeyeon, chamou primeiro Yeon, e ele o trouxe para mais perto, mas não disseram nada mais.
Heeyeon voltou seu olhar para o céu distante enquanto agarrava o corrimão com força. O corrimão que tocou seus dedos estava naturalmente frio, mas estranhamente, não sentiu a dor aguda como quando estava preso em uma gaiola flutuante. Mesmo que a temperatura não seja diferente daquela vez.
De pé sob a escuridão, o ômega lentamente inalou o ar da noite.
Talvez seja por causa da escuridão totalmente negra, os flocos de neve totalmente brancos e das faíscas vermelhas pareciam desmoronar.
— Está curioso sobre isso?
Yeon perguntou, acenando com o dedo que segurava o cigarro.
Era uma pergunta ambígua que não sabia se ele tinha curiosidade sobre seu nome ou se tinha curiosidade sobre cigarros.
Heeyeon acenou com a cabeça calmamente.
Com a resposta simples, Yeon soltou uma pequena risada. O homem, que inalou a fumaça do cigarro, agarrou as bochechas de Heeyeon com uma das mãos e apertou. Os lábios fechados se abrem naturalmente. Yeon abaixou a cabeça e empurrou a fumaça do cigarro pelos lábios abertos.
Foi o momento em que seus lábios e temperatura corporal se encontraram.
Foi um contato curto e calmo.
Heeyeon piscou ao sentir a temperatura do corpo de Yeon tocar seus lábios e a fumaça amarga do cigarro que penetrou em sua boca. Quando seus olhos se encontraram, o homem sorriu e balançou a cabeça.
— Yeon Woobeom.
Yeon Woobeom.
Woo-Beom 虞犯.
Uma zona de crime.
Perigoso, furtivo e inseguro.
— Chame por mim.
O lugar onde Heeyeon estava parado era o único espaço em que Woobeom queria estar.
— Diga meu nome.
Heeyeon achava que aquele lugar não era diferente da zona de crime.
— Yeon… Woobeom.
Uma zona de crime que irá encantar as pessoas, conduzi-las a lugares secretos e, eventualmente, levá-las à ruína completa.
— Sim, Heeyeon-ah.
Ouvindo seu nome sendo chamado por Heeyeon, Woobeom riu. Ao contrário dos lábios macios do ômega, os olhos do alfa foram nitidamente forjados a ferro a fogo. Soava como uma besta prestes a atacar sua presa. (N/T: Aqui se faz uma analogia entre Beom e bestas prestes a atacar sua presa. Beom em português quer dizer TIGRE.)
— Ah…
Como a resposta é o chamado amigável, seus lábios se separaram espontaneamente.
Consequentemente, o gosto amargo de cigarro permaneceu na ponta de sua língua.
E naquele momento, Heeyeon percebeu….
Deu nome aos seus sentimentos.
Em uma zona onde a escuridão rola como ondas, ele espera pelo que vai finalmente derrubá-lo.
<Continua no Volume 2>