Cachorro Na Gaiola - Novel - Capítulo 18 - Zona de Crime
Depois de despertar completamente, Heeyeon foi para a cozinha. Ainda não sentia fome, mas se dissesse que estava sem comer o dia todo, Yeon não iria gostar.
Ele aqueceu o mingau no micro-ondas e pensou por um momento se comia ou não, depois balançou a cabeça. Era porque tinha uma forte sensação de que iria derrubar e derramar.
Heeyeon colocou sobre a mesa o mingau quente. Quando retirou os acompanhamentos embalados separadamente e abriu a tampa, o conteúdo foi revelado. Era uma visão estranha.
— Por que o mingau tem esses ingredientes…
O único mingau que comeu era o mingau branco. Parecia muito estranho ter um broto de bambu, mas Jiwon não comprava comida estranha, então decidiu tentar primeiro. Em vez de mexer no mingau, Heeyeon pegou delicadamente uma porção e bebeu com cuidado depois de um tempo. A carne e os frutos do mar foram mastigados ao mesmo tempo.
— …?
Foi a primeira vez que comeu, mas parecia delicioso enquanto o mastigava. Heeyeon começou a comer o mingau devagar. Cerca de três vezes moveu a colher, até ouvir a campainha. Ele verificou a hora pensativamente, mas não era hora de Yeon chegar do trabalho.
— Quem será?
Também faz algumas horas que Jiwon o visitou. Heeyeon achou estranho, mas foi até a porta da frente. Sua mão, que estava se movendo para abrir a porta, parou de se elevar. Foi porque as palavras de Jiwon de que ele não deveria abrir a porta passaram por sua mente.
— Ah…
Ouviu a campainha novamente. Poderia ser Jiwon.
— O CEO me disse para abrir…
A mulher sorriu habilmente enquanto colocava o cabelo atrás do pescoço de forma altiva e confiante.
— Olá, sou Nam Soohyun.
Heeyeon congelou com o nome que ouviu pela primeira vez.
— Você não me conhece?
— Eu não… me desculpe.
Quando entrou pela porta da frente, a mulher ergueu os cantos da boca.
— Talvez possa reconhecer, se eu disser presidente Nam?
Presidente Nam. Heeyeon rolou o nome que tinha ouvido várias vezes coujm a ponta da língua. Foi definitivamente um nome que ouviu da boca de Yeon. Mas não era um homem? Heeyeon seguiu Soohyun, que entrou naturalmente sem tocar na bainha de suas roupas no chão.
— Onde está CEO Yeon? Você está aqui sozinho?
— O CEO está no trabalho…
— O quê?
Soohyun, que ergueu as sobrancelhas, sorriu e tirou o casaco que vestia.
— Está no caminho de ida ou volta para o trabalho? Quer dizer, Chulwoo disse que não havia ninguém.
— O secretário Kim não mente…
— Isso é limitado ao CEO Yeon. Ele está agindo assim de propósito.
Ao pensar que ele havia acordado em vão, sua febre aumentou, então Soohyun se virou. Foi pura coincidência encontrar o mingau sobre a mesa pronto para ser ingerido.
— Mingau?
Soohyun acalmou sua empolgação e olhou para o rosto do ômega deixado na casa de Yeon. Suas bochechas brancas estavam vermelhas.
— Você está doente?
— Não. É por causa dos feromônios…
— Feromônio?
Heeyeon não sabia como explicar, então ela hesitou. Soohyun inclinou a cabeça em sua direção. Ela cheirou como se quisesse sentir o feromônio dele. Ela também colocou a palma da mão na testa de Heeyeon.
— Presidente Jeong, aquele filho da puta provavelmente não ensinou isso de propósito.
Heeyeon piscou com as palavras um tanto ásperas que saíram de seus lábios elegantes. Teria ficado mais surpreso se não fosse pelos palavrões usados pelo Yeon ou outros alfas de Zhīu (馶 遇).
Soohyun murmurou para si mesmo como se não se importasse se Heeyeon a olhava com olhos assustados ou não, e então agarrou o braço de Heeyeon e o sentou na mesa. Foi um aperto suave, sem força.
— Você estava comendo? Não se importe comigo, coma.
— Gostaria de comer também, Presidente Soohyun?
Heeyeon, que estava tentando dar comida por hábito, percebeu um segundo depois que a comida que ofereceu era a mesma que ele estava comendo. Estava preocupado que Soohyun se sentisse mal por oferecer comida babujada.
— Eu? Você está me perguntando pra mim?
— Sim. Eu não comi isso…
Heeyeon apontou para a parte onde não havia vestígios da comida ter sido tocada e ofereceu. Não era maldade, só comeu um pouco do canto oposto. Mesmo assim, eram apenas duas colheres, então achou que não teria problema se oferecesse o lado que não comeu.
Perplexa com a sugestão inesperada, Soohyun abriu a boca. O ômega não era seu amante, e nunca imaginou que ouviria tal coisa vindo de um.
— Tudo bem. Acha que vou roubar a comida de criança nessa idade?
— Pareço uma criança para você…?
A experiente alfa percebeu o significado do que Heeyeon estava tentando dizer.
— Então não é para te chamar de criança?
—Exato.
— CEO Yeon continua te chamando de criança, estava certa em pensar assim.
Quando Soohyun sentou em sua frente e mencionou Yeon, Heeyeon ficou um pouco envergonhado.
Se soubesse que apenas Yeon o chamava assim, pensou que a presidente Soohyun ficaria ofendida. E se ela achar que é discriminação? No entanto, prometeu ao Yeon que não permitiria que ninguém o chamasse de criança.
Quando ele não conseguiu responder e apenas lambeu os lábios, Soohyun cruzou os braços e se inclinou como se fosse óbvio.
— Por que somente CEO Yeon? Você não vai deixar ninguém mais te chamar assim?
Era uma atitude de quem parecia conhecer muito bem Yeon. Heeyeon manteve os lábios fechados como se estivesse em uma atmosfera de fofoca sobre Yeon. Soohyun encolheu os ombros como se notasse isso.
— Ok, então. Não vou chamar você de criança, vou te chamar pelo nome. Eu não quero ouvir idiotices do CEO Yeon.
— Tudo bem.
Ele sabia que a palavra ‘idiotice’ tinha um significado ruim. A presidente não se importa…? Teve vontade de perguntar, mas Heeyeon discretamente escolheu comer mingau. O que quer que ele tenha dito a Soohyun não pareceu funcionar.
Quer ela conheça o coração de Heeyeon ou não, Soohyun começou a olhar para ômega do outro lado, com o queixo cerrado.
— Por que… você fica olhando para mim?
Heeyeon, que comia calmamente o mingau, pareceu sentir seu olhar e perguntou com cuidado depois de engolir tudo o que tinha na boca. Estava acostumado a ter alguém observando todas as refeições. Graças a isso, o olhar de Soohyun não era particularmente incômodo, mas não conseguia entender por que ela estava olhando para ele.
— Comeu tão pouco, estava me perguntando quando iria comer tudo.
— Quê? Eu não consigo comer tudo.
Soohyun olhou para o ômega, que deu uma resposta gentil e inclinou a parte superior do corpo um pouco mais. Não havia nenhuma semelhança com o presidente Jeong. O filho daquele desgraçado fugiu e deu à luz, então pode ser natural que ele não seja parecido.
Graças a Chulwoo, ouviu dizer que os alfas de Zhīu (馶 遇) gostam de Heeyeon. Naquela época, os pensamentos que passavam por sua cabeça, era como o presidente Jeong poupou o próprio sangue? Essa era toda a questão. Mas quando o encontrou cara a cara, pareceu entender o motivo. Era muito diferente para ser comparado com aquele lixo.
Não tem como haver alguém que se pareça com essa pessoa. Soohyun caiu em uma postura pensativa.
Os alfas e ômegas vendidos pelas mãos do presidente Jeong se espalharam por todo o país. Não importa onde vivam e o que façam, o objeto de seu ódio se limitava apenas ao presidente Jeong.
Sangue estava fora de questão. Em primeiro lugar, eles foram entregues ao presidente Jeong por algum motivo.
A razão pela qual Soohyun caiu nas mãos dele foi por causa de seus pais.
Vinte anos atrás, o presidente Jeong era um dos melhores agiotas da Coréia. Ele foi o único agiota que tomou os humanos como garantia. Idade, aparência ou sexo não importavam. O único fator que ele procurava era o caráter, alfa ou ômega.
Foi uma época de turbulência na Coréia. Não era uma rede legal tão densa como é agora, sem mencionar os direitos humanos de alfas e ômegas. Soohyun passou para o presidente Jeong por causa das dívidas de jogo de seus pais. Ela foi criada como cachorro de briga pelo presidente Jeong e vendida novamente alguns anos depois. Foi o mesmo com Yeon.
Ainda assim, Soohyun teve sorte. Ela sobreviveu até o final dos 30 anos e estava ganhando muito dinheiro. Foi graças ao dinheiro que ela conseguiu roubar Jeong Heeyeon.
— Você e…
Soohyun suspirou enquanto olhava para Heeyeon. Foi ela quem o roubou. Foi ela quem descobriu as informações pessoais de Yootae, um associado próximo do presidente Jeong, arrastando-o para a mesa de jogo e ameaçando-o com sua dívida, obrigando a ele trazer o refém para ela.
—…O CEO Yeon, está se dando bem?
Ela perguntou, colocando o jang jo-rim em cima do mingau, que foi ligeiramente reduzido. Heeyeon olhou para a colher com jang jo-rim e em seguida para Soohyun, e então acenou com a cabeça. (N/T: Jang Jo-Rim é carne assada com molho de soja.)
— Sim, e com todos os outros também.
— Hm?
Soohyun apertou o queixo novamente. De noite para o dia, rumores sobre Yeon começaram a circular. Diziam que ele comeu em um restaurante sofisticado com ômega. Jantar em comemoração ao natal. Além disso, com um ômega dominante. Era como lançar um escândalo abertamente.
Não foi difícil para ela notar que Yeon intencionalmente vendeu o rosto de Heeyeon.
— Você sabia que o CEO Yeon usa você?
Soohyun deu uma expressão um tanto maldosa e sorriu. O ômega engoliu o mingau e silenciosamente acenou com a cabeça.
— Sim.
— … sabe?
— Sim. Afinal, ele me disse desde o começo…
Pelo contrário, Soohyun estava envergonhada pela sua atitude.
— Ele quer matar seu avô, e está bem para você?
— Avô…? Ah, presidente. O presidente disse que eu não passava de uma mercadoria esperando para ser vendida.
Heeyeon continuou falando com uma cara inofensiva.
— Primeiramente, o ômega deve obedecer ao alfa… mas, se algo acontecer com ele, é só dizer que não temos nada haver um com o outro.
O rosto de Soohyun, que estava carrancudo em dúvida, gradualmente se transformou em alegria.
— Haha!
Ela riu alto. Riu tão alto que as lágrimas brotaram do canto de seus olhos.
— O presidente Jeong tropeçou completamente nos próprios pés, não é? Talvez ele morra enquanto implora para que seu neto o alimenta.
Embora Soohyun criticava abertamente seu avô, Heeyeon comeu apenas mingau com uma cara indiferente. Mesmo comendo tranquilamente, não se preocupou com o assunto.
— Você é tão fofo.
Já estava satisfeito, então deixou o mingau de lado. Quando colocou a colher na mesa, Soohyun falou do nada. Heeyeon bebeu água e olhou para ela à sua frente. Não conseguia descobrir por que ela de repente disse que ele era fofo.
— Você gostaria de morar comigo?
Sooyun inclinou a cabeça e perguntou. Heeyeon levou a sério a proposta, que parecia quase uma piada.
— Morar com a presidente…?
— Hum. Você gosta do CEO Yeon?
— Eu gosto dele.
Os olhos de Soohyun se estreitaram com a resposta gentil. Não deve ter sido apenas uma reação química entre alfa e ômega. Se for esse o caso, a casa não poderia estar tão limpa. A casa de Yeon, onde ela estava, não era muito diferente de antes de Heeyeon chegar. Simplificando, era uma casa na qual o feromônio de alfa não era sentido.
Foi apenas um instinto de alfa cobrir os pertences com seu feromônio. Não importa o quão bem Yeon administre os feromônios, seu espírito é de um alfa que não pode ser controlado. Por ser um animal, não conseguia superar nem mesmo a possessividade gravada em seus instintos.
É que não houve uma existência para expressar possessividade até agora. Claro, ele ainda não havia sentido a necessidade de cobrir tudo com seu feromônio também.
Sooyun se lembrou do rosto frio de Yeon. A expressão em seu rosto que dizia: ‘Não é mais divertido.’ Era incompreensível para ela. Ao contrário de quando foi criado como um cachorro de briga, agora tinha dinheiro e poder suficiente para ser implacável, mas o que não é mais divertido?
Por outro lado, sentia pena por não conseguir encontrar a alegria da vida. Crescendo na mesma gaiola, ela não teve escolha a não ser sentir uma sutil afinidade por Yeon.
Soohyun abriu a boca perguntando a si mesmo se Heeyeon poderia ser o objeto de prazer de Yeon.
— A propósito, você deve aprender a controlar seus feromônios. Antes estava bem, mas parece que está vazando lentamente.
— De qualquer forma, o doutor Jiwon disse que…
— Então Jiwon sabe disso? Então, Yeon já deve estar ciente. Bem, vai ficar tudo bem porque tem Haejin.
Era um nome estranho, mas Heeyeon reconheceu que o ômega mencionado por Jiwon era a mesma pessoa. E que ele conhecia bem Yeon.
— Quem é ele?
Heeyeon perguntou com cuidado.
— Haejin?
— Sim.
Com isso, os lábios de Soohyun formaram um arco.
— Você quer saber quem é?
— Sim.
— Entendo, quer mais informações sobre o ômega.
Heeyeon mexeu os dedos. Parece que ele conhecia Yeon, mas estava curioso sobre a relação entre os dois.
— Com o CEO… eles se dão bem?
— Haein?
— Sim.
— CEO Yeon…
Naquele momento, ouviu-se o som da fechadura da porta sendo aberta. Heeyeon se dirigiu para a porta da frente antes que Soohyun terminasse de falar. Ele sabia que era rude cortar as palavras de outra pessoa, mas estava mais satisfeito que Yeon havia chegado.
— CEO?
No entanto, Heeyeon estava um pouco perplexo. Era porque a expressão no rosto de Yeon era bem diferente do normal. Ele franziu a testa abertamente e puxou o ômega, que correu para sua direção. Heeyeon olhou para o rosto do homem enquanto era segurado em seus braços largos. Era uma rara expressão de ferocidade.
— Já faz um tempo, CEO Yeon. Você poderia relaxar um pouco seu rosto?
— Presidente Nam. Acho que você cruzou a linha.
— Linha?
— Existe algum filhote que gostaria que outros alfas invadissem seu reino?
O olhar de Soohyun se voltou para o ômega nos braços de Yeon. Ela sorriu com a atitude, que era muito mais sinistra do que o esperado.
— CEO Yeon, você é engraçado. É por causa de Heeyeon?
Foi só então que Heeyeon percebeu que a razão pela qual Yeon estava agindo selvagemente era por causa dele.
— Ah, CEO, sinto muito. Eu abri a porta.
Heeyeon puxou seu casaco preto ligeiramente. Os olhos frios suavizaram ligeiramente com a pequena presença.
— Heeyeon-ah. Você abriu a porta para alguém? Você deve fazer isso, apenas para mim.
— Pensei que fosse o doutor Jiwon. Eu sinto muito.
— Ah, pensou?
Yeon suavizou sua expressão enquanto segurava Heeyeon em seus braços. Soohyun deu um grito, mas ele a ignorou completamente. Os olhos gélidos do animal de sangue frio encontraram a tigela de mingau que Heeyeon estava comendo.
— Comeu tudo?
— Sim.
— Quase tudo.
Enquanto Heeyeon estava tomando o remédio, Yeon escovou nervosamente o cabelo e prendeu a respiração.
— O que devo pensar sobre estar com um ômega que não consegue nem controlar feromônios, CEO Yeon?
— Acha que sou louco de tocar nele? Você é engraçada, acha que vou me deixar levar pelo feromônio? Sou um alfa que sabe se controlar.
Heeyeon, que engoliu a água, despejou água em um novo copo e o entregou a Soohyun. Se acalmou depois de beber a água fria que ele deu a ela.
— Vamos.
Yeon agarrou a cintura de Heeyeon como se não gostasse da presença dela.
— Você também precisa mudar sua personalidade.
Quando Heeyeon percebeu lentamente, Yeon suavizou seu olhar feroz e perguntou em uma voz amigável.
— Você tomou todos os seus medicamentos?
— Sim.
— Então deveria entrar e dormir.
Tomando o ômega em seus braços e levando para o quarto, Yeon acenou para Soohyun.
— Vamos conversar sobre isso mais tarde.
— Esse filho da…
No momento em que ela abriu a boca para responder, o homem a cortou casualmente.
— Pense nisso como para pensar em uma desculpa, presidente Nam.
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LILITH TRADUZ (@lilithtraduz) (Doado pela Ah-Ri Novel’s 1 ao 51 )