Cachorro Na Gaiola - Novel - Capítulo 10 - Zona de Crime
Uma respiração longa e silenciosa se estendeu. Se misturou ao ar frio do inverno. O ar de inverno que chegava aos andares superiores estava muito frio.
O homem olhou para a visão noturna da cidade sob seus pés com um rosto calmo. Árvores mal expostas, edifícios baixos, uma procissão de carros… todos os tipos de coisas estavam sob seus pés.
Os lábios firmemente fechados abriram uma lacuna. Era tão irreal que o movimento mais parecia uma pintura. Um suspiro ambíguo que não sabia se era um suspiro ou uma zombaria saiu de seus lábios. O olhar do homem ainda estava na vista rolando sob seus pés.
— …
Ele também ansiava por este momento. Ele queria subir ao lugar mais alto e pisotear todos aqueles que pisaram nele. Esse foi o único sonho que uma criança sem nada poderia ter.
O cachorro de luta que sobreviveu pisoteando outros cachorros. Depois de ser libertado da gaiola, ele sobreviveu atacando outros cachorros. Ele escalou tanto que finalmente mordeu o dono para matá-lo e chegar até aqui. Mas quando colocou suas mãos nele, nesse momento tudo se tornou chato.
O homem que o usou como cachorro de briga há muito tempo vai morrer pelas mãos de Yeon. O presidente Jeong, que o criou como um cachorro de briga e o vendeu, também oscilava em suas mãos. Já tinha uma presa em suas mãos, então ele simplesmente não estava interessado. É como parar de respirar se quiser, porque não foi tão difícil.
Já passava da meia-noite e o amanhecer se aproximava. A sombra do escuro céu noturno lentamente começou a engoli-lo. Assim que chegou em casa, saiu para fumar um cigarro, o homem estava com um terno perfeito. O traje acromático foi imerso aos poucos na escuridão seca do inverno. Era uma paisagem que contrastava fortemente com a linda vista noturna que se espalhava sob seus pés.
A escuridão não poderia envolver Yeon completamente. Pareceu ser engolida e derretida por ele. Pode ser por causa da luz na sala de estar em suas costas, ou pode ser por causa das faíscas intermitentes de seus dedos, ou pode ser por causa do brilho fraco vindo de perto.
— Heeyeon-ah…
Yeon rolou o nome de Heeyeon com sua língua. Largou as cinzas do cigarro com o dedo indicador e lembrou imediatamente do ômega, então apagou o cigarro que estava na metade e o jogou fora. Não se preocupou em verificar, mas agora ele deve ter dormido no quarto de hóspedes.
Tem sido muito divertido ultimamente. Heeyeon dá muito trabalho, mas é muito divertido. Era divertido ensinar um garoto de 19 anos e observar pequenas expressões faciais a cada momento.
— Heeyeon-ah…
Yeon rolou o nome de Heeyeon novamente e franziu a testa.
Uma sede inexplicável de repente tomou conta dele. Tendo acabado de fumar, Yeon pegou um novo cigarro e colocou na boca. Quando acendeu o isqueiro, uma pequena chama empurrou o céu escuro da noite. O rosto do homem, que foi revelado na escuridão empurrada para fora, ainda estava firme. Era um rosto frio sem sede.
— CEO…
Com a voz chamando, Yeon se virou lentamente. Heeyeon, que abriu a porta da sala, entrou na varanda onde estava. Uma luz brilhante vazou em branco, revelando o rosto de Heeyeon.
Ele tinha acabado de acordar e seus olhos estavam cheios de sono. Heeyeon esfregou o olho como se tentasse se livrar da sonolência e se aproximou. Ele estava vestindo apenas um cardigã por cima do pijama. O cardigã, que não cabia no corpo porque as mangas não estavam dobradas, cobria completamente as costas da mão. As mangas restantes flutuavam no ar.
— Sim, Heeyeon-ah.
Yeon respondeu chamando de Heeyeon afetuosamente. O dono do nome piscou lentamente os olhos e se aproximou.
— Você chegou?
— Uhum.
— Ah, cheiro de cigarros.
— Você não gosta?
Ele perguntou se não gostava do cigarro, mas não apagou o cigarro.
— O quê? Não. É bom.
— Bom?
Com a resposta, Yeon caiu na gargalhada. Não poderia haver ninguém que gostasse do cheiro de cigarro. Quando ele baixou as pálpebras para refletir, Heeyeon respondeu em voz baixa.
— Sim, é bom. Realmente cheira como você…
Os olhos castanhos claros pareciam acordar lentamente, mas a voz ainda estava turva.
— Como eu?
Yeon franziu o olho. Ele não poderia ter sentido o cheiro de feromônios.
— O cheiro em suas roupas.
Parecia significar o cheiro de cigarros misturados no casaco de lã.
— Entendo. Então você gostou?
— Sim.
Heeyeon assentiu levemente e se aproximou de Yeon. O ômega, que agarrou a grade, capturou a visão noturna do centro da cidade. Ao contrário de Yeon, que estava assistindo sem nenhuma emoção, ele meticulosamente gravou cada momento da noite em seus olhos.
Yeon inalou a fumaça do cigarro e examinou Heeyeon. Olhos observadores passaram pelo pescoço e clavícula brancos, vistos entre pijamas soltos. Desde o dia em que se conheceram, os hematomas que estavam fazendo contrair os nervos permaneciam intactos em sua pele branca. O hematoma pálido havia se tornado tão palpável que não seria notado se você não olhasse de perto, mas ainda o ofendesse.
Yeon olhou para o ômega branco como se estivesse comendo-o com os olhos e soprou a fumaça do cigarro lentamente. A fumaça esfumaçada lentamente saiu de seu corpo.
— Heeyeon-ah.
— Hm.
Heeyeon respondeu com uma voz mais clara do que antes, talvez porque ele estava exposto ao ar frio. Com apenas uma ligeira virada da cabeça, parte do pijama foi aberto e a clavícula reta se revelou ainda mais claramente. Yeon perguntou em um tom preguiçoso, olhando para suas roupas usadas por um pequeno ômega.
— Você vai usar roupas de outro alfa?
— O quê…?
Heeyeon perguntou de volta, levantando a sobrancelha ligeiramente, como se ele não soubesse o que significava.
— Você vai usar outra roupa que não seja a minha?
Em uma pergunta direta, Heeyeon voltou completamente para Yeon. Então ele brincou com as duas mãos. Não foi visto diretamente porque estava coberto por mangas, mas pode ver que os dedos estavam trabalhando nervosamente. O vento do inverno agitou suavemente as mangas compridas no ar.
— Não…
— Então?
— Eu só vou vestir suas roupas…
— Por que?
Yeon intencionalmente colocou Heeyeon em apuros. Em vez de fumar, ele encostou na grade e riu baixinho. A cinza do cigarro passou pelo ar, tremulando faíscas.
— O doutor me disse para fazer isso.
— Se o doutor pedir para usar roupas de outro alfa, você irá usar?
— Ah…
Seus olhos, que traçaram uma linha curva, baixaram e depois voltaram para Yeon. Seus cílios tremiam.
— Não posso simplesmente vestir suas roupas?
— Tem que me dizer o porquê, Heeyeon-ah.
— Eu só quero vestir suas roupas porque gosto somente delas.
— Uh. Só delas?
Yeon sorriu e ergueu o dedo segurando um cigarro.
— Sim.
— Bom menino.
Heeyeon não sabia exatamente o que “bom menino” significava. No entanto, ficou um pouco aliviado porque Yeon não disse para usar as roupas de outro alfa.
— Isso é o que você tem a dizer quando outros alfas perguntarem.
— Ok.
Como se tivesse terminado de falar, Yeon começou a fumar novamente.
Em vez de olhar para a visão noturna como antes, Heeyeon olhou para o lado do homem. Sabia que Yeon estava fumando, mas foi a primeira vez que o viu tão de perto.
O cigarro branco preso entre seus longos dedos combinava com o rosto frio de Yeon. Cada vez que inalava, suas bochechas ficavam um pouco murchas e, em seguida, uma fumaça acre saía com um suspiro suave. Os olhos afiados do alfa estavam relaxados o suficiente para parecerem preguiçosos. A visão noturna por trás de suas costas parecia um pouco diferente.
Quando ele o encarou sem pensar em esconder, Yeon puxou os cantos da boca com cigarro na boca.
— Heeyeon-ah.
— Hm.
— Você está curioso?
Heeyeon bateu as mãos com a pergunta pacífica de Yeon. Ele estava curioso sobre a identidade da emoção em seu coração, mas não achou que ele ia perguntar isso. Em vez disso, parecia mais perto de perguntar se ele tinha curiosidade sobre os cigarros. Heeyeon pensou sobre isso por um momento e acenou com a cabeça. Ele perguntou o que torna o rosto do homem assim.
— Crianças não devem fumar.
— Eu não sou criança.
— Eu sei. Meu Heeyeon-ah tem dezenove anos.
Yeon respondeu com um sorriso baixo, como se lembrando do dia em que se conheceram.
— Quando você crescer, vou falar.
O contexto parecia significar que ele avisaria quando se tornasse adulto após o fim do ano. Por mais ignorante que fosse em relação ao mundo, Heeyeon sabia que certos alimentos, como cigarros e álcool, só eram possíveis depois de se tornar um adulto. Ele acenou com a cabeça calmamente, se lembrando que faltavam menos de dez dias para o fim do ano.
— Heeyeon, primeiro vou falar como o mundo funciona.
— O quê? Tudo bem.
Com a face inexpressiva e inocente de Heeyeon, Yeon riu e sentiu o vento soprando. Achou que deveria primeiro ensinar como distinguir o assédio sexual.
O telefone tocou assim que projetou nas cinzas do cigarro, o desejo de apagar pensamentos inúteis. Ele se virou e verificou o identificador. Se fosse uma ligação da presidente Nam, ele teria ignorado, mas era Chulwoo.
— Sim.
— CEO, senhor não está dormindo?
Chulwoo deu outra saudação formal inútil.
— Me ligou para fazer perguntas estúpidas, secretário Kim.
— Ah, me desculpe. Então, recebi uma ligação do Diretor Kang dizendo que gostaria de vê-lo.
— Não acho que seja urgente o suficiente para falar sobre isso a esta hora.
— Acabei de falar com o Diretor Kang…
A ligação parecia estar ficando mais longa.
Heeyeon olhou para Yeon e tirou os olhos dele. O vento frio penetrava em sua pele porque só usava um cardigã e seu pijama, mas estava muito frio. Heeyeon pensou um pouco e depois se agachou na frente da grade. Era uma grade transparente, então se você dobrar os joelhos, vai poder ver a visão noturna um pouco mais de perto.
— … por chamada.
— Eu esperava que isso fosse acontecer. Agora que ouvi isso, não estou tão animado.
O homem, que olhou para o lado por reflexo, fez uma careta sem perceber. Foi porque Heeyeon, que estava parado ao seu lado agora, desapareceu de repente. Se ele tivesse se movido, não poderia não ter notado os sinais.
No momento em que, inconscientemente, se virou para encontrar o ômega perdido, viu um corpo agachado no mesmo lugar em que estava.
— Há…
— CEO, o que está fazendo?
Cabelo de cor claro apareceu primeiro. Quer ele soubesse que suas roupas estavam arrastando no chão ou não, Heeyeon estava ocupado piscando os olhos lentamente observando a visão noturna.
— Nada. Sem pressa.
— O Diretor Kang disse que gostaria de ver vocês dois.
— Heeyeon também?
— Sim.
Quando seu nome foi chamado, Heeyeon levantou lentamente a cabeça. O céu noturno descia violentamente como se fosse devorar o pequeno corpo.
De repente, Yeon pensou que o momento atual em torno dele não combinava com Heeyeon. Nem o céu noturno que engoliu o fim do dia, nem a escuridão que se seguiu ao céu noturno, nem o ar frio que permeia a escuridão, nada disso combinavam com Heeyeon.
Era uma sensação muito estranha de que o mundo ao qual ele pertencia não se adequava à pessoa que entrava em seu entorno.
— O que devo fazer?
— … certo.
No momento em que percebeu esse fato, Yeon sentiu o despertar de sua natureza reprimida, mesmo que fosse fraco.
Possessividade e anseio por coisas que não combinam com ele e portanto, não possui.
Teve a sensação de que era perigoso.
— Heeyeon-ah.
Não o próprio Yeon, mas Heeyeon.
— Vamos entrar?
— Sim.
Que ele conhecesse ou não os pensamentos do alfa, Heeyeon gentilmente acenou com a cabeça e se levantou. Sem saber que o lugar que atrai os homens é uma zona de crime.
Yeon empurrou o cigarro e sorriu suavemente.
Uma faísca vermelha brilhante voou pela escuridão e desapareceu.
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LILITH TRADUZ (@lilithtraduz) (Doado pela Ah-Ri Novel’s 1 ao 51 )