Cachorro Na Gaiola - Novel - Capítulo 00- Prólogo
O cheiro de ferrugem era tão familiar quanto o ar, gruda na pele.
Um odor estranho pairou sobre ele.
‘E se o gosto do sal for sentido pelo olfato, e não pelo paladar, seria possível?’ Heeyeon encostou a cabeça na parede acidentada, pensando em vão, sentou-se com os joelhos puxados, a escuridão que ocupava um grande espaço ficou maior, mas não se importou. O pequeno ômega branco, apenas olhou para a escuridão sem fim.
Parecia que muito tempo havia se passado desde que o movimento constante de sua gaiola flutuante parou.
Foi estranho chamá-lo gaiola porque estava fechado por todos os lados, mas Heeyeon não sabia que nome dar a esse espaço.
O cheiro de ferrugem era tão familiar, que causou um arrepio de congelar a pele, então não seria ruim chamá-lo de gaiola flutuante.
Ele mexeu os dedos dos pés, mas não se incomodou em contar o tempo. Como sempre, optou por esperar pacientemente.
THUMP!
Alguém bateu na parede do lado de fora. Houve uma vibração seguida de um som abafado. À primeira vista, parecia que várias vozes estavam misturadas. Porém o ômega mantinha em sua face uma expressão indiferente a tudo, sem expressar nenhuma reação. Prendendo sua respiração ele aguardou pelos próximos acontecimentos.
Com um ruído agudo, a porta que havia chegado ao fim do seu campo de visão, começou a abrir. O luar brilhante invadiu e sobrepujou a escuridão, e a poeira que estava flutuando no ar impregnou a ponta de seu nariz. O som de passos parecia cada vez mais perto. A luz repentinamente gravada em sua visão era deslumbrante, e Heeyeon semicerrou os olhos.
Se seguiu o som de passos carregados de urgência no piso do contêiner. O bico de um sapato caro entrou em seu campo de visão.
— Mas o que é isso?
Somente quando a voz soava acima de sua cabeça, que Heeyeon decidiu ergue-la. O dono do sapato o estava encarando.
— O que eu deveria receber….
Por causa da luz que vinha por trás, ele não conseguiu ver o rosto do homem. Tudo o que podia discernir era que havia uma grande sombra cuja cabeça estava inclinada em sua direção.
— Não era um ômega.
Era uma voz calma que não continha nenhum sarcasmo, mas ainda assim, essa calma tinha a capacidade de causar um desconforto.
De repente, como se sua visão tivesse se adaptado à luz, o rosto do homem foi gravado grosseiramente em sua mente.
Em contraste aos cantos de sua boca, que foram levemente puxados para cima, ele percebeu, no momento em que seus olhos encontraram aqueles olhos frios como de um animal selvagem…
— … ah.
O sabor forte do sal que vagou ao seu redor o dia todo, nada mais era do que a brisa do mar.
Heeyeon olhou para o homem que o encarava de cima com os lábios abertos. Os cantos frouxos de seus lábios se aprofundaram. O luar azul ainda estava invadindo o local por trás.
Foi um momento estranho e lindo, porém extremamente assustador.
Ao mesmo tempo, era um mundo que Heeyeon nunca tinha visto antes.
Nunca.
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LILITH TRADUZ (@lilithtraduz) (Doado pela Ah-Ri Novel’s 1 ao 51 )