23.5 - Quando a Terra gira ao redor do Sol - Capítulo 3
Essa é a primeira vez que Ongsa participa de um acampamento desse tipo. Tudo parece novo. A membra da equipe, Pai, avisou a todos com antecedência que eles aceitaram várias pessoas neste ano devido a várias tarefas pendentes, o que era verdade. Assim que chegaram em Ayutthaya, a visão de Ongsa embaçou-se por causa da multidão em movimento.
— Tinh, Tinh, você guardou sua bagagem?
— Sim. Qual é o problema, Pai?
— Ajude-me a distribuir os cadernos do acampamento a todos.
— Oh, claro. Ongsa, Charoen, vocês guardam as suas bagagens? Vamos distribuir os cadernos do acampamento.
Ongsa dá um sorriso ao ouvir isso, planejando entregar ela mesma o caderno a Sun. Ela falhou porque Sun foi ao banheiro e sua amiga pegou por ela. Isso foi uma falha.
Será que Ongsa se azarou antes de sair de casa, para passar por esses fracassos constantes? Apesar de ambas estarem no mesmo lugar, Ongsa nunca teve a chance de trabalhar com Sun. Não é surpreendente nem nada do tipo. Uma pessoa ativa como Sun e uma pessoa tímida como Onga não estavam vinculadas para trabalharem juntas. Durante os quatro dias do acampamento, Ongsa falhou várias e várias vezes. Esse nível de insucesso não é normal. Isso ultrapassou todos os limites.
Finalmente, esse é o último dia do acampamento. Eles estão dando uma festa antes de irem dormir, algo semelhante a uma festa na fogueira para os estudantes do ensino médio. Os membros da equipe preparam apresentações para recompensar os campistas por sacrificarem o seu time a fazerem trabalho voluntário por quatro dias.
— Em seguida, a mais nova pessoa da nossa equipe irá se apresentar para vocês. Por favor deem uma salva de palmas para Sun!!
A cabeça de Ongsa se afastou do celular assim que ouviu Pai, a anfitriã, anunciar o nome dela.
Todos bateram palmas e gritaram quando a linda garota do acampamento deu um passo para frente. Ongsa é uma dessas pessoas.
— O que você irá apresentar hoje, Sun? — Pai aponta o microfone para ela.
— Eu vou cantar. — Sun responde e abre um sorriso que derrete os corações de metade dos garotos, antes de resumir — Na verdade, eu tinha um violonista enquanto ensaiava, mas meu amigo teve algo urgente para resolver e não pôde aparecer. Alguém aí sabe tocar violão…?
Diante disso, todos olham uns para os outros. Vários levantam as mãos, mas Ongsa se surpreende que uma dessas pessoas é alguém ao seu lado.
— Charoen, então. — Pai escolhe. Charoen se levanta, segura o violão e as cordas, e senta-se ao lado de Sun, deixando os seus dois melhores amigos trocando olhares confusos.
— Charoen sabe tocar violão, Ongsa? Como eu nunca soube disso?
— Eu também não sei. — Ongsa responde.
— Está bem. Como vocês estão prontos, é a hora de Sun e Charoen se apresentareeeeem!
Todos batem palmas com as mãos.
— Certo. Um, dois, três, vamos lá! — Charoen conta e dedilha o violão.
🎵“Por que você tem que sorrir todas as vezes em que nós nos cruzamos?
Por que todas as palavras que você fala são doces?
Por que você tem que parecer tão satisfeita quando eu olho em seus olhos?
Eu estou… enlouquecendo…”🎵
Sun canta acompanhando o violão com a sua voz doce.
“Ela já é tão fofa. Ela ainda precisa cantar tão bem assim?”
…Ongsa se questiona…
🎵“…É como se você tivesse um feitiço que enfraquece o meu coração
Você sabe quando alguém está confuso?
Eu sou uma trouxa quando o assunto é alguém como você. Eu continuo sonhando acordada, sem comer ou dormir
Eu quero te dizer ao menos uma vez. Por favor, eu estou te implorando
Você pode parar de ser tão fofa? Meu coração está derretendo. Oh, Whoa, Whoa…
Alguém com a minha aparência deveria saber qual é o seu lugar
Mantendo isso dentro de mim apesar do coração acelerado
Eu não ouso em dizer a um anjo para adorar esse homem humilde
É como se você tivesse um feitiço que enfraquece o meu coração
Você sabe quando alguém está confuso?
Eu sou uma trouxa quando o assunto é alguém como você. Eu continuo sonhando acordada, sem comer ou dormir
Eu quero te dizer ao menos uma vez. Por favor, eu estou te implorando
Você pode parar de ser tão fofa? Meu coração está derretendo. Oh, Whoa, Whoa…
O que eu devo fazer com o meu coração? O que eu devo fazer com esse amor?
Você me faz pensar demais. Eu perco para você completamente, sendo honesto
Meu coração grita que eu gosto de você, mas eu fico lá, confuso, quando te vejo
O que eu faço para te superar? Eu me apaixonei por você… de todo o meu coração… 🎵
…Ongsa pensa que Sun não deveria estar cantando essa música…
…Ongsa que deveria estar cantando-a…
…Cada estrofe atinge diretamente os seus sentimentos…
— Você até está filmando-a. Que vadia… — Alguém ao seu lado insulta-a.
— Eu estou filmando Charoen. — Ongsa dá uma desculpa para se salvar, após ser pega no flagra.
— Certo… filmando sua amiga, hein? Só dá para ver metade do rosto de Charoen, é como se ela fosse um fantasma. Você acha que eu sou um idiota, senhorita Ongsa?
Incapaz de argumentar, Ongsa permanece em silêncio.
— Ei, eu posso cantar também? — Charoen pergunta de repente, fazendo todos se olharem perplexos, especialmente os seus dois melhores amigos. Eles não têm a mínima ideia do que Charoen está aprontando.
— Charoen… você quer cantar? — Pai pergunta para se certificar.
— Sim. — Ela responde confiante, agitando a plateia com a sua apresentação inesperada.
— Certo. Vá em frente.
— Você pode segurar o microfone para mim? Eu tocarei o violão. — Charoen pede a Sun.
— Sim, claro. — Sun responde, movendo a sua cadeira para mais perto para segurar o microfone para Charoen.
— Olá, campistas. Como eu estou tocando o violão, eu também devo cantar uma canção. — Ela diz, dedilhando o violão como uma profissional.
🎵 “Eu trouxe o meu coração para você considerar…”
…A primeira estrofe atordoa todo o acampamento…
“Confira o meu coração e você saberá se está novo ou velho
Se está quebrado ou danificado em algumas parte
Se está rachado ou colado para te enganar
Todo o meu coração é novo
Meu coração é real, não falso. Não é astuto ou esperto
Tem apenas amor preenchendo todo o meu coração
Eu o darei a você com prazer. Por favor, considere isso
Quando você irá aceitá-lo…? Quando você irá perceber…?
Você tem um amor? Me diga logo.
Se você está solteira, por favor, seja gentil
Sacrifique o seu tempo para considerar (aceitar) o meu coração
Eu te darei o meu coração e esperarei pela resposta
Estou pronto para você fazer um teste dentro do meu coração
Se você ver a bondade em mim
Estou pronto para te dar a minha vida se você considerá-lo…” 🎵
Quando a música terminou, todos aplaudiram e gritaram alegremente. A coisa mais louca é que, quando todos se aquietaram, Charoen se virou para falar com a pessoa que estava segurando o microfone.
— Eu cantei essa música mais cedo para você. Alguém me disse para fazer isso. Estão perguntando qual é o seu tipo. — Ela diz e devolve o violão a alguém da equipe. Ela então se senta ao lado de Ongsa e Tinh como se nada tivesse acontecido, enquanto todos encaram aqueles três melhores amigos.
— Não olhe para mim assim. Não fui eu. Eu sou gay. — Tinh murmura, mas foi alto o suficiente para as pessoas pararem de encará-los. Enquanto isso, Ongsa se sente como se estivesse prestes a ficar doente.
— A última música nos deixou sem palavras. Bem, Sun, a nossa amiga perguntou qual é o seu tipo. Você pode nos dizer…? Alguém quer que você considere aceitar o coração dessa pessoa. — Pai provoca. Sun ainda está segurando o microfone, sem saber o que fazer.
— Ah… obrigada pela sua pergunta, mas eu posso parar um minuto para pensar? Haha. — Sun brinca para esconder a sua total timidez enquanto se recompõe.
— Por favor, nos diga, Sun. Eu me pergunto se posso ser essa pessoa também.
— Uaaaaaau!!!
As pessoas gritam após um veterano dizer aquelas palavras cheias de flertes.
— Eu não tenho um tipo. Meu coração irá me dizer quem é a pessoa.
— Uaaaaaaaaaaaaaaaau!!!
A resposta agita a multidão.
— Que resposta de celebridade, mas eu desaprovo. Meu amigo na verdade me pediu para conseguir essa informação. Agora nos diga qual é o seu tipo. — Pai não desiste em descobrir qual é a resposta.
— Eu realmente não tenho um tipo, Pai. Se eu falar com alguém e a química bater, apenas irá bater. Enfim, eu não quero estar num relacionamento agora. Eu não estou com vontade.
— Que legal. Você pode nos dizer qual é o tipo de pessoa que você gosta de conversar? — Pai retoma o seu dever como anfitriã.
— O tipo de pessoa que eu gosto de conversar…? Uma pessoa viril, alguém honesto e que vai direto ao ponto. Uma pessoa razoável porque eu sou muito irracional. Haha. Eu também prefiro alguém que seja compatível comigo. Eu não sei explicar o quão compatível seria. Eu descobrirei assim que falar com essa pessoa.
— Uau, que resposta longa para alguém que não tem um tipo. Por que você não passa logo o seu LINE*? Ai!! Ongsa, por que você me bateu? — Tinh grita.
— Você fala demais.
— Está bem… sua escrava do amor. Você disse que não estava a fim dela, mas está tão protetora. Que mentirosa do caralho.
— Isso não é da sua conta.
Chegou finalmente o dia de ir embora. Pode ser difícil de acreditar, mas apesar de todas as oportunidades para começar uma conversa nesses últimos quatro dias e três noites no acampamento, Ongsa apenas sorriu para Sun duas vezes e disse “Oi” apenas uma vez. Que vida mais miseráaaavel.
— Como vocês duas vão voltar para casa? — Tinh pergunta após o ônibus ter trazido todos os campistas de volta para a escola.
— Meu pai virá me buscar. Ele acabou de me enviar uma mensagem dizendo que está me esperando no portão da frente. — Ongsa responde.
— E quanto a você, Charoen?
— Vou de trem.
— É? Eu vou te deixar na estação. Fica no meu caminho para casa. — Tinh diz.
— Tá.
— Então vamos nos separar. Chegue em casa em segurança, Ongsa. Me mande mensagem quando chegar em casa.
— Certo, vocês dois cuidem-se.
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Uma vez em casa, Ongsa está tão exausta que ela quase apagou. Na verdade, ela cochilou no carro, mas ela ainda está cansada. Isso a cansou ainda mais quando ela recordou das suas falhas no acampamento. Tanto faz. Pelo menos ela pôde passar quatro dias com alguém que ela idolatra (de longe). Ver Sun fora da escola faz Ongsa pensar que ela é ainda mais fofa.
— Ongsa, tome banho antes de ir para cama.
— Certo, mãe!
Após tomar banho, Ongsa retira os seus produtos de skincare da mochila. Enquanto vasculha, algo cai.
…O caderno do acampamento…
— Verdade! — Algo atinge Ongsa, e ela abre apressadamente o caderno. Tem páginas em branco para os campistas deixarem mensagens uns para os outros. Ongsa até deixou uma no caderno de Sun.
…Talvez…
Como esperado de uma pessoa tímida, apenas três pessoas escreveram o que sentem por Ongsa.
…Tinh…
…Charoen…
…Pai…
— Porra T_T
Ongsa joga o caderno pra longe, sem se importar onde irá cair. Que maneira perfeita de encerrar com chave de ouro sua história épica de fracassos. Esses fracassos são dolorosamente de outro mundo.
*************
Após Ongsa passar os seus dias casualmente indo para o cursinho e descansando, sua vida confortável durante o recesso escolar chegou ao fim.
Um dia antes das aulas voltarem, Ongsa arruma o seu quarto bagunçado para dar boas-vindas ao início do novo semestre. Para dar boa sorte. Enquanto retira as suas coisas de debaixo da cama que pareciam tão misteriosas, como uma quarta dimensão, Ongsa percebe alguma coisa em meio ao lixo bagunçado.
…O caderno do acampamento…
Após jogá-lo longe, no dia em que voltou do acampamento, Ongsa esqueceu da sua existência. Pensando em quão miserável ela ficou quando descobriu quem havia deixado as mensagens, Ongsa queria arremessá-lo novamente. Contudo, seus olhos pousaram na contracapa.
“Nomes e números da equipe do acampamento
Socorristas:
Sun, 1° ano, turma 6”
— Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!!
— O que foi, Ongsa? — A mãe de Ongsa grita assustada após ouvir a sua filha gritando.
— Ah… Oh, oh, é uma barata.
*************
O que ela deveria fazer após conseguir o número de Sun? Ligar para ela? Não… Ongsa nunca teria coragem o suficiente. A idiota da Ongsa só poderia adicionar Sun no LINE. Passou-se metade do dia, mas ela ainda não teve coragem de enviar uma mensagem para ela.
“Oi, eu sou Ongsa…”
— Não. Eu nem sei se ela ainda se lembra de mim.
“Ei… a escola está prestes a voltar. Você está empolgada?”
— Vai parecer que eu sei muito sobre ela. Vou apagar isso.
“O que você está fazendo…?”
— Eu pareço enxerida? Esse daqui é um não.
Ongsa continua digitando e deletando as mensagens por um tempo.
Ela deseja conhecer melhor a Sun, mas não sabe como iniciar uma conversa.
— Essa daqui, então.
“Boa noite.”
Enviado…
Boa noite: – O –
Um minuto depois.
…
Cinco minutos depois.
…
Trinta minutos depois.
…
Duas horas depois.
Não havia sinal de que Sun iria responder, apesar de ter escrito “LIDO” no primeiro minuto.
É normal não responder a estranhos.
Ongsa deve aceitar e esquecer isso.
…O real fracasso foi quando ela não respondeu…
Ongsa não tem ideia de quando ela adormeceu. Ela acordou quando o alarme disparou. Como outras pessoas viciadas em redes sociais, a primeira coisa que ela faz antes de se limpar é checar o celular. E algo que torna Ongsa bem acordada ainda mais do que Tiffany Hwang é uma mensagem.
Boa noite: – O –
SUN_SUN: Bom dia.
— Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!!!!
— Ongsa, qual é o problema? — Sua mãe grita do lado de fora.
— É uma barata.
…Isso é o suficiente para fazer com que a garota que falhou ontem a noite sorrisse o dia todo…
Desde que Ongsa adicionou Sun no LINE, todas as noites ela envia uma mensagem de “boa noite” antes de ir para cama e conversa sobre alguma coisa por alguns minutos quando aparece uma chance. Sun responde algumas vezes, e outras não. Ainda assim, Ongsa está satisfeita com esse relacionamento.
Ao menos… ela se sente ligeiramente vista por ela…
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— Ongsa, é sério, se você vai ficar aí parada, eu vou te substituir pelo cone do campo lateral.
— Sim, Tinh está certo. Você está tão imóvel que… eu achei que você estava paralisada.
— E o jeito que você sacou. Você deve sacar a bola por cima da rede, não na cabeça de seu amigo. Sua malditaaaa. Você sacou três vezes. E atingiu a minha cabeça duas vezes e a cabeça do árbitro uma. Isso foi de propósito, não foi??!!
— Me desculpa… — Ongsa diz se desculpando.
— Se exercite mais, Ongsa. Sua inabilidade quase nos ferrou.
— Ainda bem que nós ganhamos. — Charoen reclama exausta porque Ongsa quase fez o time perder o jogo de vôlei durante a aula de educação física. Charoen aponta isso porque Ongsa odeia se exercitar. Ela não tem habilidades em nenhum esporte. Desde o fundamental, Ongsa nunca recebeu um 10 nas aulas de EF. Ela é ruim demais mesmo.
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— O que há de errado com ela, Alpha? Por que ela está assim?
— Ela teve um teste de EF hoje.
— Oh.
Isso explica porquê Ongsa estava nocauteada no banco traseiro quando ela entrou no carro após o cursinho.
— Latte, me deixe em paz. Estou tirando um cochilo. Eu vou te comer!!! — Ongsa grita do banco traseiro.
— Alpha, traga Latte pra cá. Eu não quero comprar um novo cachorro.
A aula de EF foi exaustiva o suficiente, mas levou um tempo para Ongsa ir embora da escola, terminar o cursinho, e chegar em casa. E mais um dia Ongsa adormeceu em seu uniforme escolar.
…Pela manhã…
— Mãe!!! Você viu meu celular? — A manhã começou com a filha mais nova gritando.
— Não. Tente ligar pra ele.
— Eu tentei, mas não funcionou. A bateria deve ter morrido.
— Onde você o deixou? Quando foi a última vez que você usou ele?
— No cursinho.
— Você deixou cair em algum lugar? Você olhou direito no seu quarto?
— Eu olhei. Eu adormeci quando chegamos em casa ontem. Eu nem o usei. Eu devo ter deixado cair no cursinho.
— Olhe direito. Eu acho que está no seu quarto. Tente procurar de novo.
Ongsa quase virou a casa de pernas pro ar para procurar pelo seu celular, mas mesmo assim ela não conseguiu encontrá-lo. Se ela fosse uma viciada em drogas, ela quase estaria em abstinência. Já se passaram três dias desde que ela perdeu o seu celular. Não existe nada mais atormentante para uma viciada em redes sociais como a Ongsa. Olhando para o Samsung Hero em sua mão, Ongsa sente vontade de chorar. Seu pai a deu para usar enquanto esperava até comprar um novo celular. Tudo o que ela pode fazer é acender e apagar a luz. O chip não é o problema. Ela comprou um da loja de conveniência da rua principal por enquanto. Não é como se alguém fosse ligar pra ela.
Uma semana depois, Ongsa e seu novo amigo coreano, o Samsung Hero, começaram a se dar bem. Ela não tem certeza se seus pais estão ocupados como eles dizem ou se eles querem ensinar uma lição a ela por não cuidar das suas coisas, porque eles não a levaram para comprar um novo celular. Está tudo bem. Ongsa não sente mais nada.
— Ongsa, leve Latte pra passear.
— Tá, mãe.
Ongsa responde obedientemente. Ela deve ser uma boa garota agora para fazer os seus pais verem a sua doçura, ignorarem seu erro passado, e comprarem um novo celular.
Ongsa tenta ser uma boa garota, mas Latte não coopera.
O cachorro atrevido se recusa a sair do carro. Ongsa chama ele até a sua voz ficar rouca, mas ainda assim o cachorro não liga. Essa é a vida da Ongsa. Até o cachorro a ignora.
— Latte! Essa é a última vez. Você vai sair ou não?!
— Auau!
— Você não vai? Eu vou te fazer dormir do lado de fora hoje a noite.
— Auau!
— Você está me desafiando? Táaaaaa!!!
Com isso, a briga entre a humana e o cachorro começa. Ongsa tenta de todos os jeitos pegar Latte, enquanto o cachorro atrevido pula por todo o carro.
— Não corra!!
Ongsa finalmente agarra Latte, que está deitado embaixo do banco traseiro. É cansativo, mas ela se sente como uma vencedora.
— Ei, eu achei que nós éramos melhores do que isso, seu cachorrinhooo!!
— Auau!
— Durma lá fora esta noite.
— Auau!
— Pare de resmungar. Espera. Isso é…
Enquanto Ongsa discute com o cachorro, seus olhos pousam em algo no espaço estreito embaixo do banco de trás.
…O celular dela…
— Uau! Eu o encontrei. Mãe!! Eu encontrei meu celulaaaaaaaaaaar.
Ongsa procurou no carro no primeiro dia em que ela perdeu o seu celular mas não encontrou nada. Esse é o espaço embaixo do banco traseiro ou é o triângulo das Bermudas?
Ongsa carrega o celular num bom humor. Finalmente é a hora de dizer adeus ao Samsung Hero!!! Annyeooooong*.
Quando a bateria ganha vida, Ongsa liga o celular. Assim que ele se conecta ao Wi-fi da sua casa, aparece uma dúzia de notificações. Seu telefone vibra como se estivesse sendo possuído. Ongsa pega o celular para verificar as notificações que perdeu na última semana em que ficou sem ele, e ela nota uma mensagem no LINE.
SUN_SUN: Você não vai mais me desejar boa noite?
— Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!!!!!!!!!!!!
— O que foi, Ongsa? — Sua mãe grita do lado de fora.
— Uma barata, mãe.
Na cozinha.
— Querido… Eu acho que a nossa casa está muito bagunçada. Ongsa toda hora encontra uma barata.
Nota da autora:
*Line é um app de conversas muito usado na Tailândia, tipo o nosso Whatsapp.
A música que a Sun cantou: https://www.youtube.com/watch?v=ykHRC1lZMG8&ab_channel=MettaThiticha
A música que Charoen cantou não achei no Youtube, mas o artista é Dumrong Wongthong – Prod Pijarana
*Annyeong (forma informal de annyeonghaseyo) é uma saudação em coreano, Ongsa fala isso porque o celular é da Samsung, uma marca coreana.